EU SOU MAQUIAVEL.

MACHIAVEL, VISTO POR MIM SEU PRINCIPADO.

Chamado por forças transcendentais para realizar desejos de um Principado, de molde a perenizar no poder por temporalidade necessária àqueles que expurgariam as “desigualdades” existentes, Machiavel, fundado no princípio discutido historicamente de “fins justificarem meios”, explicou sua teoria que partiria da realidade para a doutrina, não o inverso como muitos entendem, e se aplicaria ao novo Principado.

Assim foi mudando o mundo nas pretensas cabeças salvacionistas.

E ajuntou ser lícito discordar da formação dessa ideia, de sua tese, mas difícil de demonstrar que o convívio político tenha outra adaptação que não seja “os fins justificando os meios”.

E pondera o meu Maquiavel: Fiz da prática, do realismo, do que acontece, pelo estudo da lógica e da constatação, uma teoria. É violento e brutal o que formulo, os meus princípios, os “Princípios do Maquiavelismo”. Embora repugnantes e repulsivos, tanto quanto chocantes por amoralidade, incorporam a realidade interna do poder político de todos os tempos. E de meus estudos penso que será sempre assim, com maior ou menor intensidade.

O Poder tem esse poder de mudar pessoas. É matemático nas personagens históricas. Basta conhecê-las. Suas condutas precedentes e no exercício do Poder. Minha teoria é contribuição para superação desse amoralismo.

Assentiu Machiavel depois da breve exposição ao chamamento e, após a avaliação do que encontrou no futuro Principado, que se instalaria em qualquer lugar do mundo dando seu diagnóstico e caminhos a seguir.

Traçou então tais caminhos, após análise superficial diante de sua vastíssima percepção e vivência de séculos.

E vaticinou: Se há alguém com estrela, “com uma astúcia feliz” como referi na minha obra máxima, “ O Príncipe”, e com destino de alguma visão do povo, entendendo-o e suas necessidades básicas, como temos em acontecimentos históricos, personagem de algum discurso que possui e domina, falando a mesma língua da massa, independendo de altos conhecimentos, e que esse mesmo povo o compreende e aplaude, este será o nosso Príncipe.

Se o predestinado chegar ao trono e a moeda tiver se arruinado diante da ameaça de sua ascensão em razão de sua história política ou reinol, embora forte a moeda antes da ameaça, mantenha os princípios que tornaram essa moeda forte. Fortaleça-os mais e mais. Faça isso a qualquer preço.

Fortifique-a mantendo os números que impressionem o capital, trazendo mais moedas de outras nações, mesmo que sejam improdutivas. E retire suas taxações e prazos para circularem livremente no Principado. Que fiquem sempre altamente líquidas e voláteis. Deixe-as entrar e sair na forma de suas vontades.

Nos primeiros momentos do principado feche a bolsa, encerre as portas do cofre mesmo com sacrifícios de todos. Tribute mais, crie impostos que a lei não permite, mesmo a lei maior do Principado.

Diga que renda e trabalho, separados ou juntos, não são os únicos fatores que geram receita, renda, que pensão também é receita e não benefício para quem já a usufrui, a chamada despesa de custeio, mesmo que contrarie tudo que se sabe a respeito em termos de doutrina e escolas, que não é mais, portanto, despesa de custeio como sempre foi, que passa a ser renda e como tal taxado.

Estimule o capital mantendo retornos compensatórios extravagantes, vedando investimentos de todos, nacionais ou não, minimizando taxas de crescimento do produto do Principado, ainda que a taxa de emprego objetivada não seja alcançada e a atividade não regulada cresça.

Aumente o acesso à moeda através dos depositários da moeda conhecidos como bancos, faça para eles uma garantia fortíssima e eles emprestarão àqueles que significavam risco, descontando dos salários ou pensões, mesmo acanhados. Assim emprestarão a quem mais precisa sem risco algum, realizar-se-ão sonhos desejados, mesmo que vá desencadear esvaziamento do que é básico, e todos verão que o crédito cresceu, e crescerá, houve a ele acesso para os de menor renda, o que não ocorria antes.

Assim colocará o sonho ao alcance da miséria que deixará de existir em maiores proporções ainda que com sacrifício da mesa e do remédio, ainda que por algum tempo até exaurir o crescimento que fará em novo ciclo voltar o estado anterior. A aparência fará a festa por algum tempo.

E se houver venda de consciências no Principado, para fazer valer leis contra leis imodificáveis, Regras Fundamentais, e o maior advogado público do Principado disser que houve, e for para o maior Tribunal do Principado afirmar o fato e sua existência, fique indiferente o Principe, pois nos Tribunais da Humanidade o que sempre se usou como defesa foi negar o fato, sua autoria, ou negar sabê-lo.

E se proclame sempre ser o Principe o melhor, o insubstituível, o que fez o que ninguém fez desde que o Principado foi descoberto, e se cerque de quem está próximo da massa, que por ela são ouvidos nos interesses básicos nunca saciados, mas mesmo assim ainda são seguidos, embora a ética não pratiquem e todos saibam.

E que as várias tendências que formem agremiações políticas se tornem bem desordenadas e pratiquem a infidelidade quanto aos seus princípios, pois da desordem de objetivos são colhidas muitas consciências.

E se houver leis para a ordenação desses princípios, que a Justiça diga em Corte, ser a melhor interpretação aquela que desdiz e nega a lei, logo que a lei trará insegurança jurídica.

E não deixe que ninguém questione o Principado e o Príncipe, não os exponha, não fiquem visíveis para a massa seus dogmas, não deixe transparecer que o Principado é vulnerável, porque por mais que a massa não conheça as letras e o que ocorre, tem mínima sensibilidade.

Procurem os assessores calar sempre o Príncipe a não ser no verbo da massa. Que ele exerça a paciência se for impulsivo. Que seja comedido. E se o Principado tem um prazo para acabar ou continuar, quando estiver para acabar abra a bolsa e a porta do cofre. Mas abra mesmo, não importa se no futuro haverá sérios problemas. E abra para aplacar a fome se houver alguém comendo sopa de barro para pesar na barriga, pois isto é justificável e desejável, ninguém deve passar fome, impositivo mesmo, humano, necessário e contra o que ninguém se porá.

Dê o que sai da bolsa do Principado sem muitas trocas, nem condições, para que o súdito que recebe, saiba que está recebendo porque é pobre, não para que um seu filho deixe de ser pobre, e quem sabe, não precise de esmola no futuro porque estudou.

Dessa forma vai sempre se lembrar que é um dependente do Principado, da esmola, deverá sempre com seus filhos, também sempre pobres, assim permanecerem porque o horizonte do estudo não se abriu, mas ser grato pelo que recebe sem trocas.

Não tenha dúvidas que o poder do Principado se perenizará. Ninguém pode vencer a fome ou retirar o objetivo supremo de todos; SOBREVIVER.

E nosso Machiavel traça seu perfil até hoje conhecido e adotado:

Fui canonizado politicamente como mestre no século XIX e transformado em herói nacional pelo movimento de unificação da Itália, o “RISORGIMENTO”, porque falei a verdade.

Por falar a verdade todos me festejam. Opostos me seguem e aplaudem. Mussolini me fez precursor do fascismo e Gramsci, marxista, me assimilou. O que fiz sempre foi eviscerar o que acontece com os homens no Poder. A verdade é meu lema e minha vida. Maquiavel.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 09/08/2014
Código do texto: T4915687
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