A VERDADEIRA BELEZA
Nos tempos atuais há um culto e um valor transtornantes em torno da beleza física. Muitos homens e mulheres, começando já na infância, querem e buscam por um corpo perfeito. Perfeito para quem? Para os outros. É o desejo de ser visto, desejado, admirado e invejado. Horas e mais horas são gastas em uma academia, produtos, plásticas e roupas para se ficar mais bonito, e muito tempo perdido com excessos que causam distúrbios. A indústria da beleza exterior está prosperando, mas o ser humano está vazio de emoções e em declínio interior. Nessa busca desenfreada pelo corpo perfeito, muitas pessoas já causaram danos aos seus corpos, porque ficam sem ingerir substâncias necessárias à manutenção de uma boa saúde e se matam, inconscientemente.
Quando estamos perto de pessoas serenas, brandas, nos sentimos bem, em paz, e um sentimento de calma nos envolve. Essa beleza que nos contagia é a energia interna do bem que alguns possuem e que faz com que se tornem belos. Essa é a beleza que todos deveríamos buscar construir em nós. Não há coração endurecido o suficiente que resista a essas boas vibrações de alguém.
O homem e a mulher não podem ser avaliados por um corpo carnal, mas por qualidades como a honestidade, a simplicidade, a doçura e o carisma. Nossos corpos modificarão, apesar de todos os cuidados, pois trata-se de uma propriedade da matéria, a qual propicia renovação. Por isso envelhecer, significa, de fato, maturação e renovação, tanto física como espiritualmente.
Não há nada de errado em cuidar da alimentação, fazer exercícios físicos e se vestir com uma roupa bonita. Temos, porém, que nos acautelar com a paranoia e a obcecação por tudo isso. Além de buscarmos o bem estar físico, não nos esqueçamos da prática de ações como sorrir e conversar com alguém que está passando, mesmo que seja um estranho, falar de paz e caminhar em paz para que as criaturas violentas se acalmem, as flores sejam vistas, os animais sejam amparados e todos os seres, assim, exteriorizem um sentimento puro, e fique a Terra repleta de amor como um paraíso. E essas vibrações viajarão pelo Universo, fazendo com que esse amor toque a muitos, e muitos sentirão a energia harmoniosa que ela, a verdadeira beleza,
é capaz de transmitir. Dizemos aqui verdadeira beleza porque a beleza só é verdadeira quando o tempo não a modifica e nem a consome. Por causa disso, a beleza física é passageira e ilusória.
Podemos classificar a atual condição de nossa civilização de inquietude. O agito das cidades, o excesso de informações, poluição atmosférica, visual e sonora, desperdício de um lado e escassez de outro, corrupção, violência, cobranças e regras do mercado de trabalho e da moda e a existência de guetos como lobistas, partidos políticos ou qualquer outro grupo fechado que não pensa na prosperidade de uma nação, mas está sempre pensando em vantagens, em primeiro lugar, desestruturam o orbe terreno.
Será que a causa de todo esse desassossego no qual estamos imbuídos não é por estarmos fechando nossos olhos e ouvidos para as frases edificantes, a leitura educativa, os filmes instrutivos, as palavras animadoras e cheias de beleza que nos são dirigidas?
Ficamos em frente à TV, alimentando-nos de notícias depressivas e de repórteres e apresentadores formadores de opinião, que adoram jogar uns contra os outros, através de notícias deprimentes que enchem nossos lares de terror. E os filmes e programas pornográficos? Muitos homens e mulheres estão adentrando nesse mercado rentável e decadente, onde o sexo é visto unicamente como instrumento de sentir prazer de uma forma sórdida. Não podemos nos esquecer de que quando alugamos, compramos, vendemos e fomentamos a propagação de tais produtos, estamos divulgando e alimentando essa indústria e ajudando a desvirtuar pessoas que poderiam ser excelentes professoras, donas de casa, cantoras, costureiras, engenheiros, enfermeiros, dançarinos ou qualquer outra profissão. Será que o dinheiro ganho desta maneira traz conforto; digo conforto espiritual?
E será também que não estamos fechando nossos olhos e ouvidos para o Evangelho de Jesus, e estamos totalmente esquecidos dos nossos irmãos em dificuldade? Alegamos não ter tempo, dizemos que nossas vidas estão corridas e esquecemos-nos de fazer uma pausa durante o dia e dar uma olhada em nossa volta para apreciarmos o brilho do sol, o som da chuva, os sorrisos que nos dão. Falamos que amamos, mas precisamos entender que quem ama não abandona nos momentos difíceis, e mesmo sem saber fazer o que o outro faz, entende que um abraço, um sorriso e um olhar servem de incentivo, e com eles damos um meio de esse alguém vencer suas dificuldades. Falar “eu te amo” é simples e fácil, mas amar é muito difícil...
Quem ama tem consideração para com o outro. Mesmo que ele não lembre o dia do aniversario da pessoa, no dia, reconhece a importância desse alguém que está ao seu lado, já que cada dia de vida deve ser comemorado. E aniversário não é motivo para dar ou querer ganhar presentes. Uma lembrança simples, um telefonema, um e-mail, um bilhete de bom dia dizendo “estou com saudades”, “sinto sua falta”, pois não é o valor financeiro do presente, mas é o fato de você estar presente e agradecer a Deus pelo presente que ele te deu ao colocar alguém especial em sua vida.
Comecemos a observar as proezas que irmãos nossos foram capazes de realizar, quebrando preconceitos, desenvolvendo medicamentos, saciando a fome de muitos, levando esclarecimento e consolo: Isso é a maior beleza, o trabalho fraterno, que é capaz de catequizar mentes e corações.
Estamos dependentes de nossos desejos, da busca desenfreada por artefatos terrestres, e quando damos conta, parece que nada faz sentido, que está faltando alguma coisa e um sentimento de vazio se faz em nós. Essa sensação de vazio é vazio, sim. Vazio de caridade, compaixão, perdão, perdoar, simplicidade, humildade e tolerância. Quando fechamos nossos olhos e ouvidos para as obras salutares da vida, sofremos, ficamos depressivos e com raiva de tudo e de todos. É preciso dar uma chance a nós mesmos. Chorar menos e sorrir mais, ouvir mais e falar menos, olhar para frente e vislumbrar a conquista de uma era iluminada, e olhar para trás para ver se não estamos nos esquecendo de alguém. Doar um pouco de nosso tempo a alguém ou alguma causa nobre. Desligar a televisão, fechar o livro e o jornal, sair de frente do computador e agir, colocando as mãos em uma atividade benemérita.
Grande parte do comportamento social é aprendido através dos meios de comunicação. A programação nesses meios é feita por roteiristas, apoiada por patrocinadores e mantida pelo povo. Assim, chegam às nossas casas programas que deturpam a moral e a boa conduta. Quem patrocina, muitas vezes, quer apenas vender, sem se importar com as consequências e com os telespectadores. Desde que se venda, de nada valem a saúde, a educação e os efeitos colaterais. Quem compra mantém os patrocinadores ativos, mas todos são atingidos, uma vez que estamos interligados.
Outro tema muito mal trabalhado dentro da mídia é a Arte Marcial, onde a agressividade e a violência são glorificadas. Filmes e eventos violentos têm sido organizados e classificados como esportivos. Há pessoas se digladiando nos ringues e tatames em troca de fama e dinheiro. Para coadjuvar, instrutores fazem de seus alunos fonte de renda e não explicam-lhes os princípios marciais. Outros, os ensinam a serem violentos, incentivando-os a disputarem esses torneios selvagens em que lesões danosas são causadas no corpo físico e no campo perispiritual, demorando-se longo tempo para o refazimento, devido ao fato de não ser essa uma opção de defesa, mas sim de se promover. As Artes-Marciais foram criadas para defesa pessoal e não para ganhar medalhas, troféus e reconhecimento. Seu maior objetivo não é para usarmo-las para vencer o outro; é vencer nós mesmos. Vencer nossos medos, nossas inseguranças, burilar nossas arestas e conquistar autocontrole para, assim, desempenharmos nossos papeis de homens de bem, adquirindo disciplina, concentração, buscando sempre por um espaço de equidade para todos.
Como instrumento de defesa que são, ou deveriam ser, as Artes Marciais são uma maneira de viver calmamente e em paz consigo, com Deus, as pessoas e a natureza. É lamentável, mas essa filosofia não é seguida por muitos. Infelizmente, esses valores estão se perdendo no mundo marcial. Academias rivais, pseudos mestres e atletas fracos psicologicamente, motivados pela conspurcação midiática, têm corrompido esses valores. Carecemos de eliminar essa ideia de violentar nosso próximo em troca de prêmios. Isso só nos endivida e nos passa uma ilusão de vitória. Não podemos nos esquecer daquela Lei de Ação e Reação sobre a qual já conversamos, e não nos esqueçamos de que só vence aquele que se utiliza do amor. Podemos praticar arte-marcial para termos qualidade de vida, boa saúde, disciplina, mas cabe a nós dominá-la e não deixar que ela nos controle. E vamos nos recordar de um pensamento do artista marcial, Bruce Lee, quando nos diz que: “Com relação a outros estilos e escolas, não pense em termos de certo ou errado, melhor ou pior. Não seja contra ou a favor. Nas colinas, durante a primavera, não há melhor ou pior... Os ramos crescem naturalmente, floridos, uns curtos, outros longos”...
O estilo de arte-marcial, de roupa, de vida, é a vontade de cada um. Podemos opinar, trocar pareceres, sem deixar de lado o respeito pelos pontos de vista alheios. Respeitar não significa concordar.
A necessidade da transformação é evidente em determinados pontos. Entretanto, para que ela se faça são necessários nossa participação e nosso envolvimento, movidos pela vontade de querer um mundo elevado. Qual será nossa opção de escolha? Existem vários caminhos, mas nem todos conduzem ao mesmo destino.
Aprendamos a ver que as diferenças completam o todo. E com relação à religião, profissão, cor, nacionalidade, não pense em termos de certo ou errado, melhor ou pior; não seja contra ou a favor. As flores, que surgem nas colinas durante a primavera, as religiões, as músicas, o trabalho, as pessoas, as diversas formas de vida que aí estão, são um campo de estudo e aprimoramento para todos nós, seres imortais.