I love Old Village

(Crônica que fiz para minha cidade e para todas as metrópoles e megalópoles do mundo,pois graças a Deus, em todas elas ainda existem homens,árvores e passarinhos!)

______I love Old Village__

Hoje acordei com a cidade! Antes que as últimas luzes se apagassem... Das casas, das estrelas, da lua, da rua... E antes que a madrugada abrisse a cortina azul de um novo dia, vi o andar apressado e os rostos pensativos dos homens, na multidão que avançava a passos largos em busca do “pão e do sonho nosso de cada dia”!Levavam histórias que por certo jamais ouvirei... Vi os lábios desenhados às pressas no retrovisor, o check-in na bolsa, das mulheres que deixam cama, mesa e recados, e vão delinear seu futuro em planilhas, libertando “Amélias” para happy hour's no fim do dia com seus terninhos cheirando à lavanda.. Hoje eu acordei com a cidade e dei de cara com aquela alegria sem motivo estampada na cara dos meninos que 'malabarizam' a vida nos faróis,mesmo quando o tempo toca a buzina sem dar um sinal, empurrando pedidos,levando olhares e deixando mãos estendidas...Vi o andarilho de olhar perdido e passado guardado, no seu fardo tão pesado quanto a sua vida...Ao longe o grito do jornaleiro e seus jornais sangrentos e lacrimosos... Senti a chuva doce molhando o caminho ácido do ponto de partida ao ponto de chegada, do operário que passa, sorriso no rosto crachá no bolso, que há que se assinar o ponto para transformar em verba o seu dia... Ouvi a música trazida pelo vento , vi casais de namorados de mãos dadas e o vendedor de flores enfeitando esquinas e suas histórias de amor ...Vi a juventude leve e despreocupada, de cabelos ao vento, de carona no sorriso despreocupado de meninos e meninas a caminho da escola, e a felicidade que seguia ao lado de braços dados com a liberdade... Vi velhinhos em bancos de praças,iluminados pelo sol, jogando nas cartas o que lhes resta do tempo, e o burburinho doce dos últimos passarinhos que povoam o verde restante na selva de homens e pedras... Gosto de acordar com a cidade por que em cada dia que a cidade acorda,quer sejam manhãs 'cinza- melancolia' ou manhãs "azul -alegria",haverá sempre um perfume de esperança pairando no ar e nos olhos de quem passa...E da varanda do décimo quinto andar,sem arranhar o céu da cidade,meus olhos vagueiam buscando simetria entre velhos telhados e modernas avenidas,esquece os para raios e antenas de TV, as chaminés e o apito estridente da fábrica chamando os homens de boa vontade, atravessa seus túneis,pontes e viadutos,e contempla a paz da andorinha no fio, o casario de cores mil,e como criança encantada em frente à aquarela,escolho de que cor vou pintar o meu dia!Para hoje pensei em tons “paz-céus”, que a cidade que acordou comigo, não tarda voltará a descansar calma e serena entre a serra e o mar,que amanhã é dia de recomeço! E eu quero mais uma vez,despertar com ela e caminhar na cadência dos passos da multidão que segue e acompanhar todos os destinos e desatinos dos que passam pelas ruas desta cidade...Cidade onde moro,cidade que mora em mim... Que me despertou na hora certa e transformou em alegres e floridas alamedas, minhas ruas interiores tão vazias e tão desertas!

Linda Lacerda