"MINHA CASA INABITADA" Crônica de: Flávio Cavalcante
MINHA CASA INABITADA
Crônica de:
Flávio Cavalcante
No nosso corpo existe tanto mistério que por mais tecnologia que o homem venha desenvolvendo a cada dia, jamais vai entender de fato o funcionamento perfeito dessa máquina perfeita que Deus criou.
Parece que o criador, deu para cada espírito um habitat próprio com muitos labirintos sem saída. Vá tentar entender o motivo disso; mas que há que há uma resposta para esta interrogação, isto é fato. Acho que daí é que vem a existência do criador. Dar de presente ao homem um habitat próprio e único dele, dando-lhe a incumbência e a responsabilidade de cuidar bem desse patrimônio que ele habita e o mais misterioso é que ele não conhece todos os cômodos de sua casa. É uma moradia misteriosa entre a essência e o frasco do perfume.
Na realidade somos inquilinos de nós mesmos e a qualquer momento estamos sendo despejados desse nosso lar desconhecido. Alugamos a casa na hora em que chegamos ao mundo e o acordo termina quando morremos. O corpo tem prazo de validade, desconhecido também para a nossa concepção.
Dizem que o lar é o nosso lugar de repouso. Nosso refúgio. É bem verdade, que se não cuidarmos desse nosso habitat, passamos a conviver com um inimigo e acabamos entrando numa guerra sem fim com um desconhecido que se tentarmos eliminá-lo, jamais seremos vencedores. Na realidade convivemos dentro uma bomba relógio. Temos que viver em harmonia com ela e seguir cada regra, pois, se este habitat se sentir ameaçado de alguma maneira, ele mesmo começa seu processo de autodestruição. Isto leva-nos a crer que tem um superior no comando. Somos peças de um jogo.
É estupefato os medos que carregamos dos nossos inimigos invisíveis encontrados em cada cômodo da nossa casa que a cada dia que passa parece que não estamos no mesmo lugar e precisamos nos adaptar ao meio novamente.
Nós somos responsáveis por toda faxina, reparos, reposição de peças quebradas dessa máquina. Precisamos manter na ordem e em seu devido lugar. É proibido e paga multa a destruição deste patrimônio que foi construído com muito sacrifício.
Nosso corpo é uma casa inabitada, porque não a conhecemos profundamente e é enigmática por ser igual ao triângulo das bermudas. A perfeição que ela traz, vai além da nossa concepção. É bem verdade que, provavelmente antes de recebermos este patrimônio, devemos saber em detalhes o porquê que tem que ser dessa forma. A perfeição é imensa, a ponto de adentramos nos cômodos desconhecidos, todo nosso conhecimento é apagado do meio exterior e a partir deste momento, somos limitados a tudo que vai além da nossa indiscrição.
Recebemos a chave de comando e a partir daí somos o comandante da nave que vai nos levar a missão que nos foi imposta, que também foi apagada da nossa concepção. Agora é seguir viagem e no caminho dessa longa excursão começamos a nos preparar para o porvir.
A máquina passa a ser unificada. A sua essência e os desejos de um passam a ser dos dois. Acreditamos que a missão está aí. Pular as barreiras sem derrubar a base de outras naves que também estão ao seu lado na mesma função. Seguindo as regras, não há erro e o futuro a Deus pertence.
Flávio Cavalcante