FOTOGRAFIA MENTAL

Uma vez, em uma noite qualquer de conversa entre amigos, ouvi a seguinte afirmação: "a vida de um Geólogo é como tomar banho em um rio, você só consegue fazer isso uma única vez, porque as águas passam e você nunca se banhará nas mesmas águas duas vezes. Assim o Geólogo. Nós só visitamos os lugares a trabalho uma única vez. Por isso, quando viajo a trabalho, procuro fotografar mentalmente cada espaço, porque sei que não voltarei lá uma segunda vez, então tento guardar na memória o máximo que eu puder.”

Sei que a primeira parte da ideia ele arrancou de Heráclito, o filósofo pré-socrático, e já ouvira outras vezes a bendita citação. Mas por alguma razão, dessa vez a ideia me tocou mais profundamente. Talvez porque saiu da mera filosofia e foi parar ali, na vida de um grande amigo e estava fazendo parte da sua trajetória profissional agora, nesse momento.

As ditas palavras me deixaram reflexiva sobre o quão forte é o fato de se ter certeza de não retornar ao mesmo lugar pra viver as mesmas emoções... Talvez, se tivéssemos essa certeza sempre sobre cada dia, cada hora, cada minuto da nossa vida, daríamos mais valor às emoções que eles provocam. Curtiríamos mais intensamente cada momento, cada pessoa, cada lugar. Teríamos um sem número de fotografias mentais e que formariam um acervo único e cujo valor não seria possível estimar. Usaríamos com mais sabedoria todos os nossos sentidos e cada folha que caísse sobre o chão, cada sorriso, cada abraço, cada aperto de mão seriam para nós um espetáculo ímpar, pois teriam as cores, o cheiro, a velocidade... tudo devidamente registrado e arquivado para sempre dentro de nós.

Érica Cinara Santos
Enviado por Érica Cinara Santos em 08/08/2014
Reeditado em 20/12/2014
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