PECADO FOI PROIBIR

“Não existe pecado do lado debaixo do equador...” não obstante a letra de Chico Buarque já ter passado dos quarenta, ela permanece atual, pois em matéria de esculacho, infelizmente o Brasil continua a ser professor.

Por trás de uma boa canção existe quase sempre uma boa história esperando para ser contada, ou neste caso, relembrada.

Em 1973, os censores da ditadura militar vetaram a peça teatral Calabar (O Elogio da Traição) escrita por Chico Buarque em parceria com Ruy Guerra. Como consequência, o álbum Calabar _ do mesmo ano _ que trazia o registro das canções da peça, também enfrentaria problemas com a censura.

A capa do disco trazia a palavra Calabar pichada em um muro, algo que os censores consideraram subversivo. A solução encontrada resultou numa capa branca sem título, exibindo apenas o nome do cantor sem qualquer distinção.

Posteriormente (1974) devido à fraca vendagem do LP, a Philips lançaria a capa definitiva que trazia a fotografia do cantor sob o título: Chico Canta.

Dentre as músicas desse disco que tiveram trechos suprimidos pelo DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas) estava: Não Existe Pecado Ao Sul do Equador.

Escolhida em 1978 como tema de abertura para a novela Pecado Rasgado da Rede Globo, a canção ganharia uma nova roupagem com arranjos Disco, e alcançaria grande sucesso com a magistral interpretação do cantor Ney Matogrosso.

O verso original “Vamos fazer um pecado safado debaixo do meu cobertor” foi substituído por “Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor”.

Ora, pecado mesmo fora manter uma música dessas, por mais de cinco anos, quase no anonimato.