POESIA. REGRAS. INVENÇÃO.
A palavra em contexto que transmite ritmo, rima, como grafada, obedecidas regras gramaticais, nomina-se poesia. Não pode ser criação cerebrina que é livre, mas não forma na linguagem editada em regras que nascem da lei ou da tradição de autoridade de quem a tem.
Em nossos dias e por força da internet criou-se uma vontade, inócua diante dos preceitos linguísticos, de erigirem meios e modos de criatividade de cada um, livres, mas pretendendo criar regras onde regras não existem. Uma "nova poesia".
São livres as alegrias - é lúdico, sadio para a mente e exercitável - mas ponham-se freios em regras quem não as pode ditar. Poesia tem norma e barra forte para incursões imaginativas. O canto é que é livre, bom que assim seja, secundado inclusive por licenças poéticas como sabido e consabido, notório.
Não é possível distinguir onde a distinção legitimada pelas fontes autorizadas não está presente. Círculos de distração são diferentes de língua e suas regras.
Ter ritmo e cadência é o mínimo que o canto livre deseja, para ficar desejável, ser sinfonia ao invés de desarmonia. E muitas criatividades nem isso têm, o mínimo em canto poético.
Digamos, essas novidades sem etiologia, são novidadeiras e possíveis, mas que não se estabeleçam normas que não são e nunca serão oficiais na língua, pois não existem.
Diverso de um canto em “sonneto”, tradicional, o pequeno som egresso das paragens onde tenho meu sangue próximo, pais e avós, a famosa ponta da bota, onde o canto Dantesco da segunda maior obra do mundo, florentino, falado então em Florença, o mais castiço de então na Itália dividida, fez a unificação da língua italiana, “A Divina Commedia”. Nada igual como poesia e soneto.
Não sou poeta, sempre assim afirmei neste espaço, embora o Sindicato dos Editores de livros tenha lançado faz anos duas antologias nominadas, “A TOGA E A LIRA”, com poesias de magistrados brasileiros onde constam numerosas produções minhas. São textos de emoção externada, livre cantar. Poesia tem regras e espécies consagradas pela métrica. Toda legitimação da língua tem origem na lei e na tradição, nesta por seus gramáticos e notórios escritores, como os novos vocábulos, neologismos, em Guimarães Rosa e outros, autenticados pela autoridade.
Esses distanciamentos diletantes e impróprios vistos são como as linguagens que desembocam no vício como o gerundismo atual, e para ser específico, usos indevidos e elásticos como usar advérbio de tempo como de modo, que vai se fortalecendo, o tal “enquanto professor” e não como, enquanto isso e enquanto aquilo. É interessante sobre tanto falar quando oportunidades aparecem.
Poesias, as que existem na língua de forma oficial, têm regra. O livre canto não, nem nas invenções para se distrair que são mero recreio.