O UNIVERSO TENTENDO ENTENDER A SI MESMO
O UNIVERSO TENTANDO ENTENDER A SI MESMO
Quantos bons programas perdemos nos canais alternativos de TV, porque nos acostumamos com a programação trivial dos mesmos canais que dominam a audiência, baseada na violência policial, em filmes de qualidade duvidosa, em fofocas ou novelas açucaradas e outros, que mostram as mais bizarras situações do comportamento humano para satisfazer os nossos mais primitivos desejos.
Assistindo a um documentário especial sobre a origem e evolução do universo e da vida na terra, desses que passam nos canais com pouquíssima audiência, porque a grande maioria tem preguiça de programas informativos e científicos que estimulem o sujeito a pensar, abstrair, usando assim os milhões de neurônios que o Criador e a natureza tão beneficamente nos deu, e que, infelizmente muitos deixam enferrujar no cérebro, comecei a analisar os enigmas do cosmo e os fenômenos naturais.
Fascinado com as informações, fiquei perplexo diante dos conceitos e idéias da física, da cosmologia e da biologia. Por que não vi tal assunto na escola? Se a admiração é a primeira virtude do filósofo, como afirmava o mestre Platão, por que não me ensinaram a pensar filosoficamente sobre os enigmas do mundo? Por que era tão difícil simplificar estes conceitos para que pudéssemos nos interessar mais sobre a origem das coisas e dos fenômenos do universo?
Cheguei a conclusão que é por essa falta de estímulo, principalmente na fase mais fértil da nossa imaginação, quando nosso cérebro está eletrificado de perguntas e dúvidas na infância e adolescência , que nosso poder interrogativo fica limitado, que o nosso lado de cientista é reprimido e tornamos-nos alheios para com as questões cruciais, alienados do mundo natural por culpa da nossa educação, da nossa cultura fundamentada nas explicações prontas, da nossa própria ignorância e das falhas dos nossos sistemas de ensino.
Mas, diante daquele documentário, tentei entender pelo menos alguns fragmentos sobre a formação e evolução do universo e da vida em nosso planeta. O narrador falava sobre o milagre da vida e sobre o desenvolvimento da inteligência que parece ser algo raro em todo o cosmo. Ele termina sua fala e o programa fazendo esta afirmação sobre os seres humanos: “Se somos feitos dos mesmos elementos da poeira das estrelas, não seríamos, de certo modo, o universo tentando entender a si mesmo”.
Aquela afirmação causou o choque nos meus pensamentos, meus neurônios eletrificados começaram a pensar sobre a composição de tudo que existe, que tudo é feito de átomos, como intuiu admiravelmente o filósofo grego Demócrito centenas de anos antes de Cristo; átomos que se combinam e formam diferentes elementos, moléculas, substâncias, diferentes minerais, diferentes seres. Veio-me à mente algumas interrogações. Se tudo é feito dos mesmos elementos: a pedra, a água, os minerais, as estrelas e as células vegetais e animais, o que diferencia os seres animados dos seres inanimados? E o pensamento então é feito de quê? Não estaria eu, como parte do universo, tentando entender a mim mesmo?