Divagações sobre a relação mente/coração

Não controlo nem meu coração. Que dirá minha mente!

Sim, acredite. Esta é mais difícil ainda de domar.

Se faz de consciente, quando na verdade é a parte que quer ser independente, que quer se libertar.

O coração sente, a mente tenta enganar.

Mas o controle aparente dura apenas um breve momento.

E logo o que deveria ser a parte racional solta as rédeas da imaginação.

E afeta novamente o coração. Oh, não. Ele não é o culpado! Estivemos enganados durante todo esse tempo, meu bom leitor. Ele nunca foi o culpado. Sempre foi a vítima!

Por isso digo, e repito, que a mente é a mais perigosa.

Faz o coração entender o que quer, finge enganá-lo quando lhe apraz, mesmo sabendo que isso não funcionará.

E no fim do dia, é ela quem traz memórias (reais ou não) para perturbar de novo o órgão que as costelas oprimem. Pobre, coração.

Mas o pior é que ele não reclama, nem se rebela com as migalhas, e até mesmo com as dores que lhe são enviadas em uma espécie de injeção de imagens, sons, toques e afins. Apenas sente. No seu bater solitário e por vezes ensurdecedor, sente com cada fibra de sua composição.

A mente se safa. Culpa o coitado por sentir. Que escolha teria ele?

É ela que controla tudo. E o coração nem para intervir!

Talvez seja uma relação sadomasoquista que mente e coração tenham.

Quem um dia saberá?

É apenas teoria. Mandada pela própria danada.

Quem sabe se mais uma vez ela não está a nos enganar?