Quando decidi ser escritora...
Parece que foi ontem, mas não já faz muito tempo que passei a registrar, registrar e registrar... Na época da minha adolescência nunca tinha ouvido falar desses “bichos” chamados computador, internet... Era no papel mesmo. As folhas que sobravam do caderninho do ano anterior... Histórias iam sendo construídas. Sem perceber estava traçando também a minha...
Entre fadas e monstros não havia diferença, pois todos eram amigos e lutavam pelos mesmos propósitos: fazer o bem, proteger as crianças, as famílias...Na escola as histórias de “Branca de Neve”, “Cinderela”, “A Bela Adormecida” “Rapunzel” entre outras, não me representavam. Às vezes me via como a “Gata Borralheira”, no entanto não aparecia ninguém, nenhuma fada, nenhum príncipe ...e a rotina era a mesma. Os relógios mesmo soando as doze badaladas, a carruagem não aparecia...
Aprendi muito cedo que para uns as portas estão escancaradas, tudo é muito fácil, e para outros é preciso arrombar, empurrar... ou simplesmente deixar que alguém esqueça uma porta encostada, para penetrá-la de mansinho, pelos cantos, pelas margens. Pensar que é fácil ganhar dinheiro vendendo livros?! E ilusão! O mercado é fechado. Os leitores costumam ser metódicos lendo sempre os mesmos autores. E uma das vias de escape é a internet.
É mais uma doce ilusão! Doce porque todos que escrevem querem ser lidos. É doce porque cria a mesma fantasia da infância de que o “Patinho Feio” ao encontrar com os seus, percebe que não é tão feio assim... Desde criança aprendi tirar proveito das coisas positivas e negativas que acontecem comigo. Não é por acaso que o meu último livro infantil, no início do ano, publicado pela APED é intitulado “A boneca de pedra”.
Enquanto muitos jogavam pedras uns nos outros, a minha boneca preferida da infância era uma pedrinha redonda... Não crio ilusões com o que não tenho, nem gosto de chorar pelo leite derramado. No meu mundo eu posso ter tudo, sem agredir, violentar, desfazer de ninguém, porque o meu mundo é do tamanho dos meus sonhos...
Quando decidi ser escritora é porque vejo a literatura cravada em mim. Quando decidi ser escritora jamais pensei em retorno financeiro como ponto principal e imediato, mas passar através da literatura um pouco de emoção, vida, amor ... sentimentos sublimes mas tão trancafiados. Via as escolas com textos que não representavam a maioria dos estudantes... Não sou hipócrita a ponto de dizer que tanto faz vender ou não livro, claro que quero vender meus livros! Claro que gostaria de abrir a internet e encontrar uma pessoa “anônima” criticando, elogiando, opinando sobre esse ou aquele livro. E a minha certeza é de que isso é questão de tempo. Tempo, para nós humanos não é igual o tempo de Deus.
Mas, enquanto esse dia não chega, pelas margens, trilho. Um passinho aqui outro acolá. Afinal, quando decidi ser escritora foi justamente para carregar bandeira, não para ficar sentadinha esperando acontecer. Como uma boa guerreira, nordestina, professora... sinto-me hoje um “patinho feio” que diante de tantas agruras... rio com lágrimas nos olhos, porque no final da tarde, minha família cisne irá me abraçar, afinal decidi ser escritora!
Abraços poéticos,
Texto saído do forno...
Elisabeth Amorim