CRÔNICA DE UMA PROFESSORA: Quem ajudou à Professora foi São Jorge?
Por: Tânia de Oliveira
Acabava de aplicar uma aula na Faculdade antiga Funesa, hoje Faculdade Estadual de Alagoas e lecionava uma disciplina no PGP – Programa de Graduação de Professores. Estava cansada, era um dia de sábado a noite, e sai para apanhar o último ônibus de Marechal Deodoro para Maceió. Estava sem dinheiro para apanhar um táxi. Chovia muito e ao passar de uma calçada para o ponto de ônibus...vi um escapulário no chão. Impulsionada... apanhei o o objeto no chão e jóquei em umas das bolsas de provas que carregava comigo. Ao chegar no ponto de ônibus em Maceió para tomar outro para Pajuçara não havia ninguém na Praça do Pirulito. Sentei e encolhida na marquise do ponto de ônibus, com a bolsa e dois sacos de provas na mão... quando ouvi um estalo perto de meu braço. Ao mesmo tempo antes que eu olhasse pra trás, apresentou-se em minha frente como em passe de mágica...um homem montado em uma bicicleta de alumínio. Ele era alto, de pele clara, vestido com uma camisa vermelha de mangas compridas. Falou com voz grave: - Isso é hora moça! Logo fui respondendo:- sabe o que é...vim de marechal Deodoro, fui dar uma aula...ele interrompeu com um gesto na face me alertando para olhar pra trás...Foi quando vi mais de dez jovens com a camisa amarrada na cabeça...todos molhados..cheirando cola. Desarmaram com “outro estalo” o canivete que haviam armado contra mim. Intimidados pela presença daquele homem que apareceu inesperadamente...deram a volta e seguiram outro caminho. O homem rápido como apareceu atravessou a rua e instalou-se em baixo do pé de periquiti, enquanto eu entrava no ônibus que acabava de estacionar perto de mim. Entrei e ao mesmo tempo corri para a janela para agradecer o homem benfeitor que havia me ajudado e nem sequer esperou agradecimento.
Levei um susto com o que vi. O homem estava de pé ao lado de sua bicicleta que brilhada na noite chuvosa...e ele de pé respondeu ao meu grito de “Muito agradecida Senhor!” com uma reverência. Ele simplesmente levantou a mão direita e fez um leve sorriso. Na imagem daquele homem, de camisa vermelha...olhar bondoso...havia algo que de imediato foi apontando no meu cérebro...nos meus órgãos dos sentidos e na minha surpreendida percepção..ele tinha uma tênue luz em volta dele e agora para estupor meu...estava chovendo torrentemente e ele não estava molhado...!
O ônibus foi se distanciando do homem e eu ficando com o cérebro “a milhares por segundos” racionalizando as mil formas de explicar ou desmistificar a surrealidade daquele fato. Rapidamente liguei pra meu filho ao que ele me respondeu imediatamente...a senhora teve ajuda de Deus ..mãe! Ou foi seu Anjo da Guarda...ou São Jorge...o cavalo...a bicicleta...a camisa vermelha seria o manto ...o dragão ...a droga que os meninos cheirava...sei lá...e também o seu merecimento ...Quanto mais ele ia falando meu coração acelerava junto às lembranças do decorrer dos fatos ...aí me lembrei... do escapulário que encontrei na poça de lama...puxei de dentro da bolsa e dei um grito abafado de surpresa...a imagem do escapulário... era do santo guerreiro... SÃO JORGE!