Filho
Filho.
Não se envergonhe de mim.
Sei que estou velho
Faltam-me alguns dentes
Que uso a mão para comer
Que derramo a comida do prato
Que não tenho o controle sobre meu corpo
Porém te prometo
Sempre que chegar visitas embora
Curioso para saber e contar casos
Vou me esconder em meu quartinho
Até a visita ir embora
Eu me orgulho de você
E de sua importância
Mas gostaria tanto que você
Conversasse comigo
Ao invés de me reprimir
E entendesse que
Tudo que acontece comigo
É normal para minha idade
Ouvi você e sua esposa
Comentando de uma internação
Você está sendo mais carinhoso que antes
Todos estão diferentes.
É para o bem de todos
Então vou para onde me mandarem
Só que vou morrer
Embora me maltratem adoro vocês
Amo você, sua esposa e meus netos.
As brincadeiras embora maldosas
Dizem que estou presente na vida de vocês
Os conselhos deixei de dar
Pois percebi que era motivo de chacota
Enfim seja o que vocês desejarem
Mas mesmo assim
O anjo da guarda
Que sempre me protegeu
Passo a ele a missão de protegê-los
Já que eu não posso
De sei pai
OripêMachado
Veneno de Cobra.