ESPERANDO UM TELEFONEMA
Antigamente as mocinhas ‘esperavam um telefonema’, em geral de um ‘rapaz especial’ com quem tinham dançado muitas vezes naquela festa maravilhosa acontecida na véspera. O bonitão ficou de ligar para combinar um cineminha. Sentindo-se nas nuvens, mal conseguiam dormir rememorando os volteios em seus braços, os apertos de mão, o rosto colado, a música romântica ainda a soar nos ouvidos... Fora a expectativa do dia seguinte, nada melhor do que o escurinho do cinema para início de namoro. Provavelmente lá aconteceria o melhor de tudo: o primeiro beijo! Naquele domingo (era sempre domingo) elas não arredavam o pé de casa. E o telefone não parava de tocar! A cada trim-trim o coração batia forte, os pés corriam, a voz tremia. Mas era o amigo do irmão, a tia que queria falar com a mãe, o primo do pai convidando para o futebol, as amigas querendo saber das novidades... Até a vizinha, para alguma fofoca... E nada do bonitão. Após as oito da noite morria a esperança, lá se ia pelos ares a doce ilusão. Sonhos de uma noite de verão. Telefonar para ele, jamais! Coisa mais feia moça andar atrás de rapaz. O consolo era convocar a melhor amiga para desabafar. Trancadas no quarto tagarelavam sem parar, ora desancando o mancebo, ora repassando detalhadamente os melhores momentos. Não dava mesmo para entender. E a conversa acabava sempre no planejamento de uma cruel vingança amplamente apoiada pela amiga: na próxima festa ele me encontrará muito bem acompanhada!
Se ouvissem essa história, as meninas de hoje dariam gargalhadas. Imagine, esperar um telefonema! Afinal de contas, para que serve o celular? Se não quiser falar, mande um torpedo, um msn, um App... E aí, bonitão, vem ou não vem?...