CLARA
Não me recordo a data em que a conheci, mas me lembro perfeitamente de seu aspecto inicial: era jovem, pequena e caracterizava-se por ter pernas curtas. Magra, raquiticamente magra, mas linda e aparentemente perfeita. As vantagens oferecidas eram tantas, que me relacionei intimamente a ela.
Descobri o quanto era maravilhosa e realizei muitas conquistas ao seu lado. Formamos um laço com múltiplos nós impossíveis de serem desatados. Porém, minha bela e formosa jovem definhou.
Sem perceber, comecei a mimá-la demais e, alimentando-a exageradamente, engordou de forma absurda. A partir disso, vi minha pequena se tornar uma obesa deformada e, aquela que tanto me ajudou em todos os momentos, mostrou-se traiçoeira e venenosa.
Manipuladora, passei a viver somente para ela, mesmo descobrindo que me traia constantemente, não pude abandoná-la. Tudo conspirava contra nossa separação, estabelecida através de uma dependência profunda e doentia com o nascimento dos filhos.
Cheguei a tal ponto, que não conseguia mais sustentá-la e apelei para a ignorância. Sentindo-se ultrajada, ela simplesmente arrumou suas malas e abandonou-me com todas as preocupações e conseqüências de ser pai.
Magoei muitas pessoas ao verem o escândalo que minha ex-dominadora aprontou. Resolvi acabar definitivamente com qualquer elo com aquela ingrata e matei um por um de nossos filhos.
Infelizmente, ela voltou. Enfim, nos reconciliamos e novamente surgiram os problemas e os inevitáveis filhos. Insana, dissimulada, indiscreta, cruel e aniquiladora de sonhos. Seu nome: Clara. Sobrenome: Mentira.