CRÔNICA – Descendo a ladeira – 01.08.2014
 
CRÔNICA – Descendo a ladeira – 01.08.2014
 
 
Leio nos noticiários que o treinador Sérgio Guedes, do Santa Cruz Futebol Clube, o velho tricolor do Arruda, estaria mexendo no sistema defensivo do time, deixando de escalar o zagueiro Renan Fonseca, substituindo-o pelo estreante Marlon, cujo futebol ninguém ainda o viu jogar na equipe.
            Essa alteração, a meu pensar, não vem em boa hora, até porque o jogo será na Arena das Dunas, em Natal, contra a boa equipe do América, que está bem colocada no grupo “B” do campeonato brasileiro. Esse cidadão está indo na onda da torcida, pois a principal chaga do time não reside nos dois zagueiros de área (Renan e Everton Sena), mas sim nos homens de meio de campo e na ala média esquerda, pois o Renatinho é muito mais um homem de ataque ou meio campista, daí estar sendo mal aproveitado.
            Essa história de dizer que as bolas altas são um terror para a defensiva coral é muito fácil e cômodo, porquanto todo mundo sabe que é justamente nas bolas altas que todas as defensivas de quaisquer clubes sofrem demasiadamente. Tenho visto jogos do São Paulo, por exemplo, e a dor de cabeça do Muricy Ramalho é a mesma. Na recente Copa do Mundo, aqui no Brasil disputada, também ficou absolutamente claro que a exploração dos cruzamentos vindos das pontas também causou embaraços a equipes tradicionais. Entendo que está faltando ao goleiro Thiago Cardoso a iniciativa de sair da meta em busca da bola, no tempo certo, como fazia o excepcional goleiro da seleção da Alemanha, o Neier, que também era uma espécie de líbero nas bolas rasteiras, tendo salvado sua equipe de tomar vários gols até mesmo na final contra a Argentina.
            Com um meio de campo fraco, sem disposição para o combate, e até amarrando a bola, como no caso do meia Carlos Alberto, que até tem um bom futebol, e com o vício de recuar bolas para a defensiva, como é a especialidade de Sandro Manoel, torna o setor vulnerável, porquanto a pelota não demora no campo adversário, volta logo e os zagueiros não têm tempo nem de respirar. “Quem pede recebe” e “Quem se desloca tem preferência”, segundo palavras do grande técnico Gentil Cardoso, que Deus o tenha na eternidade. A morosidade do jogador Memo é outro fator que causa transtornos à equipe coral. É um atleta durão, sem muito recurso, que andou indo embora para o sul, em nada melhorou e teve sua volta garantida ao seu velho clube, mas sem proveito algum. Vez em quando ele consegue jogar uma partida razoável.
            No futebol moderno, claro, a marcação do adversário é fator preponderante para o sucesso de qualquer equipe, e essa providência começa lá na linha de frente, sem deixar a defensiva adversária sair jogando a seu bel prazer. Tem de haver o combate duro e leal. O meio de campo também deve assim proceder, de sorte que a bola chegue à defensiva com maior facilidade de ser dominada e aliviada a situação. Outra tese que conta com a minha simpatia é exercer marcação sobre os atletas incumbidos de distribuir as jogadas, os armadores, digamos assim, pois se a bola não chega ao destino por eles tramado a defesa se sobrepõe com mais tranquilidade.
            Se dependesse de mim eu não mudaria a defesa, mas sim as peças já faladas linhas acima. Agora, de uma coisa fiquem certos, esse filósofo de meia tigela que distribui as camisas já teria viajado há muito tempo, pois só fez empatar, ganhar três partidas e perder algumas delas, até por que seu futebol é retranqueiro e sem esquema. Nas outras equipes, por exemplo, num 4 x 4 x 2 conseguimos ver, claramente, as linhas com os pertinentes atletas, mas no Santa Cruz o que notamos é um emaranhado de boleiros por falta de orientação do comandante.
            O problema é que a diretoria do clube ainda não despertou para o fato de ser iminente a sua queda para a série “C”, isso a continuar agindo dessa forma. A perder é muito melhor que se coloque um ex-atleta, torcedor do clube, para comandar o plantel (e temos alguns com capacidade), como Ricardo Rocha, Zé do Carmo, Ramon, o goleiro Neto, afora outros que dirigem clubes menores como Central, Porto e Salgueiro. Mas ter-se-á de garantir a permanência desses caras mesmo na hipótese de perderem algumas partidas, com a mesma paciência que se tem com os técnicos de fora.
            Agora foi a volta do Sandro, cuja passagem como treinador é triste, melancólica, sem condição. O pior é que ele está falando tanto pelo futebol como pela diretoria e até o presidente. Esse rapaz, por mais educado que seja não tem cacife para exercer tão alto cargo. Aliás, bom que se diga, não convém ao tricolor receber gente que passou pelo Sport, porquanto não dá sorte, ao passo que o contrário, quando ocorre, o rubro-negro sempre sai ganhando.
Fico por aqui.
Ansilgus.
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 02/08/2014
Reeditado em 02/08/2014
Código do texto: T4906682
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