As experiências são tudo o que a vida proporciona. A vivência é uma sequência de experimentação de decisões e resultados. À medida que se vive se torna mais experiente.
Experimentar torna as coisas mais sólidas. Ao se solidificar há bônus e ônus, benesses e mazelas, certezas, conformidades e constatações.
O sol, depois de dias nublados e frios, apareceu. Foi-se à academia para atividades aeróbicas consumir excessos de glicoses, preparação física e dar um sim à vida. Corpo suado, a troca de vestuário para tirar o quê estava encharcado, espera para o corpo se ambientar com o repouso.
Anoitecia e o vento soprava gelo lá fora.
Todo agasalhado como requeria a temperatura ganhou-se a rua. Ao primeiro golpe de corrente de ar que anunciava a chegada de brisa fria o ouvido doeu e o torcicolo se anunciou. Deveria estar com um cachecol ao pescoço. Procurou por um nas casas de comércio. Parecia que todos os cachecóis da cidade haviam sido vendidos.
Ao conseguir um, finalmente, saiu com o ouvido tampado e o tecido enroscado no pescoço. Que alívio! Entrou na farmácia para comprar um antigripal.
O atendente, muito educado, advertiu:
- Senhor, o preço está pendurado no cachecol.
Olhou-se para o ombro e lá estava o tíquete anunciando o quanto havia custado aquele conforto comprado às pressas.
Precisava-se repassar o número do celular pessoal. Percebeu-se que o referido havia se perdido na memória. Ligou para o filho:
- Qual é o número de meu cel?
- Pai, você está esquecendo-se das coisas. Tem que ir ao médico.
Saiu do recinto e foi para a agência bancária. A tela do caixa, que antes bastava ser tocada, anunciava novos modos de acesso à conta corrente. Uns quinze minutos foram gastos para entender, aplicar as maneiras da novidade, sacar o dinheiro e conferir o saldo restante. Que peleja! Ou resmungava-se contra todas estas situações ou ria de si mesmo. Preferiu rir em seu íntimo. Lembrou que leu em algum lugar que somos realmente felizes quando conseguimos rir de nós mesmos quando percebemos nossas falhas. Ah, estas leituras de autoajuda! São ridículas, mas funcionam como analgésicos.
Encontrou-se com o amigo que foi logo inquirindo:
- Para que este cachecol e agasalho todo?!
Contrarrespondeu conformado:
- É o frio da idade!
- Que isto! Exclamou o amigo com indignidade.
Troçou lembrando-se da fala de outro amigo:
- Contra os fatos não há argumentos. É a realidade!
Depois de despedidas amistosas resolveu que o melhor era ir embora de táxi a ter que caminhar aquela distância. A noite se fazia e o frio aguilhoava severamente.
Em casa pensou, refletiu e analisou todas estas vivências com resignação: A vida é uma aventura desventurada! Havia lido Paulo Mendes Campos que em uma de suas crônicas brincava com o trocadilho envelhecer e envilecer. Concluiu mastigando sentença:
Envelhecer, prefere-se a expressão tornar-se experiente, é inevitável. Envilecer, jamais!
Experimentar torna as coisas mais sólidas. Ao se solidificar há bônus e ônus, benesses e mazelas, certezas, conformidades e constatações.
O sol, depois de dias nublados e frios, apareceu. Foi-se à academia para atividades aeróbicas consumir excessos de glicoses, preparação física e dar um sim à vida. Corpo suado, a troca de vestuário para tirar o quê estava encharcado, espera para o corpo se ambientar com o repouso.
Anoitecia e o vento soprava gelo lá fora.
Todo agasalhado como requeria a temperatura ganhou-se a rua. Ao primeiro golpe de corrente de ar que anunciava a chegada de brisa fria o ouvido doeu e o torcicolo se anunciou. Deveria estar com um cachecol ao pescoço. Procurou por um nas casas de comércio. Parecia que todos os cachecóis da cidade haviam sido vendidos.
Ao conseguir um, finalmente, saiu com o ouvido tampado e o tecido enroscado no pescoço. Que alívio! Entrou na farmácia para comprar um antigripal.
O atendente, muito educado, advertiu:
- Senhor, o preço está pendurado no cachecol.
Olhou-se para o ombro e lá estava o tíquete anunciando o quanto havia custado aquele conforto comprado às pressas.
Precisava-se repassar o número do celular pessoal. Percebeu-se que o referido havia se perdido na memória. Ligou para o filho:
- Qual é o número de meu cel?
- Pai, você está esquecendo-se das coisas. Tem que ir ao médico.
Saiu do recinto e foi para a agência bancária. A tela do caixa, que antes bastava ser tocada, anunciava novos modos de acesso à conta corrente. Uns quinze minutos foram gastos para entender, aplicar as maneiras da novidade, sacar o dinheiro e conferir o saldo restante. Que peleja! Ou resmungava-se contra todas estas situações ou ria de si mesmo. Preferiu rir em seu íntimo. Lembrou que leu em algum lugar que somos realmente felizes quando conseguimos rir de nós mesmos quando percebemos nossas falhas. Ah, estas leituras de autoajuda! São ridículas, mas funcionam como analgésicos.
Encontrou-se com o amigo que foi logo inquirindo:
- Para que este cachecol e agasalho todo?!
Contrarrespondeu conformado:
- É o frio da idade!
- Que isto! Exclamou o amigo com indignidade.
Troçou lembrando-se da fala de outro amigo:
- Contra os fatos não há argumentos. É a realidade!
Depois de despedidas amistosas resolveu que o melhor era ir embora de táxi a ter que caminhar aquela distância. A noite se fazia e o frio aguilhoava severamente.
Em casa pensou, refletiu e analisou todas estas vivências com resignação: A vida é uma aventura desventurada! Havia lido Paulo Mendes Campos que em uma de suas crônicas brincava com o trocadilho envelhecer e envilecer. Concluiu mastigando sentença:
Envelhecer, prefere-se a expressão tornar-se experiente, é inevitável. Envilecer, jamais!
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 31/07/2014.