Irritante Felicidade
Todo o nosso conhecimento se inicia com sentimentos.
(Leonardo da Vinci)
Boa tarde, amigos!
Sentir é uma coisa complicada. Perigosa.
Sentir é uma droga, no sentido de que é uma porcaria e no sentido de que te vicia. E, ás vezes faz mal.
E te invade meio sem pedir licença. Você já decidiu que está aborrecida, que o mundo está perdido, que as pessoas e suas relações disfuncionais não valem o trabalho… mas esse seu lado ignora.
Queremos ser ranzinzas, nos deixe em paz!
O que temos que fazer para convencê-lo? Assistir House, para nos lembrar de sermos cínicos? Para entrar no clima?
Você resolve ser fria, distante, e deixar o mundo se danar… e quando percebe, já está todo derretida com a humanidade de novo.
Mente boba. Retardada. Inconveniente, até.
Pior que você sabe que vai se ferrar. Que as coisas vão pro saco, vão se estragar, acabar, te machucar…. mas lá está você de novo, tentando.
Porque tudo acaba, sabe?
Nas relações humanas. É uma decepção aqui, outra ali, um desgaste que vai crescendo e virando um abismo intransponível entre pessoas.
Nada é sagrado, não se engane – casamentos, namoros, amores, amizades, relações familiares. Nada é eterno, nada está seguro.
Tudo isso que você aí mais preza vai acabar. Ou pode acabar. Pode. Não se sinta intocável demais. Com ninguém.
Mas enquanto dura… aí vale a pena. Na maioria das vezes.
Esse espaço ridículo de tempo, finito, é que te seduz. É que te mata. É que te faz tentar tudo de novo.
Isso e as pequenas coisas. Nada mais perigoso, para quem não quer estar feliz naquele momento, do que as pequenas coisas.
Tudo se esfacela, qualquer esforço anti-felicidade se dissolve ante um sorriso.
Uma atenção. Um beijo. Uma risada. Uma lembrança. Uma comida gostosa. Uma festa. Um presente. Um telefonema. Uma piada. Um drink. Uma chuvarada. Um e-mail. Malditas pequenas coisas!
Mesmo que elas às vezes signifiquem tanto justamente por virem de pessoas que, eventualmente, vão ferrar com a sua vida.
Fazer o quê? Como eu disse, é culpa daquele nosso pedaço burro, que parece não perceber o desastre de trem em vias de acontecer.
Que não nos deixa curtir uma deprê em paz.
Que não nos deixa amargar desilusões humanas por muito tempo.
Que abre caminho à força para o contentamento.
Que, quando menos esperamos, nos faz sorrir de novo.
Esse irritante hábito de ser feliz, tão difícil de perder.
Felizmente.
Cristiane Souza Felix
31/07/14 - 17h12