LEMBRANÇA XVII
Ainda lembro-me perfeitamente do dia em que a voltar da escola eles estavam lá em casa.
Eram tão pequenos que cabiam, os dois, numa caixa de sapatos.
Era o casal Jung e Fräulein (jovem e senhorita em alemão) que a partir daquele dia iria morar conosco.
Presente do tio e padrinho da minha irmã que num dia, bem antes daquela data, dissera a ele que sua maior vontade era ter um cachorro.
Ganhou dois da raça Dachshund.
Aqueles que parecem uma salsicha, corpo longo, pernas grossas e curtas, focinho fino, orelhas arriadas, cauda longa e fina que mais parece um chicote quando bate em nossas pernas, olhos vivos, agitados, caçadores eficientes e excelentes cavadores que com suas unhas possantes, fazem em pouco tempo verdadeiros túneis capazes de esconder o corpo coberto por pelagem curta e de cor amarela como molho de mostarda.
Até então nosso bichinho de estimação era Ninom, uma porquinha SRD, da pelagem rala e couro claro com manchas escuras. Parecia, só parecia porque duvido que fosse, um exemplar da raça Carioca.
Com a chegada dos cães a porquinha pode desfrutar da tranquilidade no seu recinto no fundo do quintal até ser vendida, talvez para o abate.
Não sei dizer por quanto tempo Fräulein e Jung moraram lá em casa, mas sei que não chegaram a reproduzir.