Não sou e nunca fui forte, nem adulta o suficiente para fingir o que não sinto.#
#Caberá ao leitor decidir se o texto é uma autodescrição de mim.
Dois já decidiram eu o texto é inteiramente real.
Vivemos em um mundo cruel.
Temos que ser os que conseguem algum sucesso, que exibem beleza
inacabável, e que acima de tudo, têm excelente equilíbrio.
Eu nunca consegui nada disso.
E muitas vezes perguntei-me se vale a pena viver sem essas
consecuções. Chego à terrível conclusão de que nunca terei nada
disso! Não é derrotismo puro e simples, apenas realismo consciente.
Falhei na vida, como aquelas pessoas cujas vidas não deram certo.
Nasci indesejada, passaram-me a mensagem de que fui abandonada
desde bem cedo, na tenra idade e isso fez um mal imensurável.
Adulta emocionalmente acho que nunca serei, sou uma idiota
emocional de riso frouxo e choro fácil. Choro fácil até que seria normal,
pior é choro incontrolável! Agora já na "envelhecência" a desgraça da
TPM faz-me cada vez mais emocional, transformando-me em uma
máquina de chorar e parecendo mais idiota do que já sou!
Depois de uma expectativa adiada, lutei com todas as forças para
manter um mínimo de dignidade, manter a pose, como dizem.
Pois é, tentei;conseguir são outros quinhentos! Pelo menos não caí
em um convulsivo choro ali mesmo naquele lugar, o que seria o
cúmulo da indignidade! Mas o semblante murchou e a esperança deu
lugar a uma visível sensação de imprestabilidade!
Voltei para casa sentindo-me a síntese da derrota, e aí permiti-me ser
o que sou, sem máscara. Chorei por todos os fracassos dessa vida
maledeta, por todos os dissabores, por toda falta de tudo de bom que
me foi negado nessa existência medíocre. Chorei por dois dias
seguidos como uma criança pobre cujo doce lhe foi tomado.
E pior ainda foi ver, ou melhor, sentir toda a frustração transformar-
se em dor física, pois recebi a maldição de somatizar ou materializar
as dores do emocional para o físico. Fiquei com uma sequoia
atravessada na glote, e sem nenhum apetite quase desidratei de tanto
chorar. São essas coisas da não-vida que nos fazem morrer a cada dia
um pouco mais. Mas o bom mesmo era se houvesse em mim uma
tecla delete. Me pouparia tanta lágrima.
Tem horas que cansa ter que continuar a existir nesse mundo falso
onde se é obrigado a ser feliz e viver feito uma maldita hiena com os
dentes abertos sonorizando a idiotice do mundo! Estou cansada!