A GULA

Vovô Sinfrônio Demóstenes Demartte era um sujeito muito importante na vida. Foi fiscal do Sarney, acreditara nos planos econômicos: Cruzado, Verão e Collor. Por ironia do destino teve sua poupança bloqueada no plano Collor e quase perdera o seu emprego público, pois fora tachado de “marajá”. Passara por diversas privatizações e resistira dentro do serviço público. Ultimamente, ele trabalhava numa repartição e faltava pouquinho tempo pra aposentadoria.

Vovô era uma pessoa muito imperativa e inquieta, sempre arrumando “sanar pra coçar”, ou melhor, “merda pra limpar”. Decidira criar cachorros da raça FILA Brasileiro (pra quem não conhece esse cãozinho, ele fica na fase adulta com 80 cm e pesa no mínimo 50 quilos). Diz que o cão também tem o temperamento que situa entre o calmo e o bravo (que roubada que o vovô entrara).

Pois bem, ultimamente, vovô levava o seu caozinho fila e o amarrava numa árvore na porta da repartição pública. Essa brilhante idéia foi forçada pela vovó Miralda, que não queria ficar sozinha com o elefante em casa. Assim, todos os dias, no final do expediente, o macróbio retirava o “presentinho de grego” e tomava rumo de casa.

Neste contexto, no último mês, “os bocas boas” diziam que o prédio da repartição pública era assombrado e que já haviam sumido um chefe de seção, quatro gerentes, três diretores e o vice-presidente. Descobriram, o fantasma que dera fim na turminha do “trenzinho da alegria” , era o cachorrinho faminto.

A pedido da polícia, vovô que era especialista em linguagem canina conversou com o "elefante". Desta forma, segue transcrição do dialogo que o cronista teve acesso:

- Uai, como é que te descobriram Sinfrônio Junior?

- Au..Au! Fiz a grande besteira de comer o chefe da limpeza e o chefe do cafezinho!

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 17/05/2007
Reeditado em 17/05/2007
Código do texto: T490314
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