A BELEZA

Vovô Sinfrônio Demóstenes Demartte era um sujeito muito mirrado e raquítico. Na adolescência levara apelidos dos mais variados. Por exemplo, “varetinha do jogo de varetas”, “perninha”, “forminha de fazer capetinha”, dentre outros. Essas coisas chateiam qualquer ser humano. Pra piorar as coisas pro lado vovô, ele ainda era feio de doer, isso mesmo, igualzinho a joanete nos pés. Ele arrumara algumas namoradas, mas sempre era deixado a “ver navios”, ou melhor, a “ver galhos”.

Como sempre leitores, a beleza interior não é contabilizada, não vale nenhum “mango”. Por conseguinte, como sempre na nossa sociedade consumista e pós-moderna, vale muitos “mangos” a “lataria” e a “funilaria”. A última agora são cirurgias plásticas para adolescentes, “essa não dá pra engolir” com dizia a macróbia Miralda.

Diante da situação exposta, vovô decidira por fim a essa penúria de beleza, comprou dois vidros: um de creolina e o outro de pinho sol. Tomou os dois numa talagada de causar espanto; esperou um dia, uma semana e nada de bater os “pinos”. Passara um mês e nada! Até o cronista, ficou curioso pra saber se o velho bateu a caçoleta, foi ele mesmo checar tal informação na casa do vovô:

- Vovô o senhor está se sentindo bem?

- Claro meu filho! Estou melhor que antes, até engordei cinco quilos. Falou o novo gordo vovô.

- Vovô, mas e os vidros de creolina e de pinho sol? Falou o cronista

- Nem te conto! Matou as verminoses, as giárdias e as solitárias! E pra completar tem uma “mulherada me dando bola”!

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 17/05/2007
Reeditado em 17/05/2007
Código do texto: T490221
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