Essencialidade

O que diz o Dicionário Online de Português sobre a palavra “essencial”? “(...) Que caracteriza, denota o mais relevante e/ou significativo de algo (...)”.

Levando em consideração que algumas coisas são essenciais prá mim, chego a compará-las com “manias”, talvez algo um tanto doentio. Não sei. O que sei é que determinados objetos tem um significado muito relevante no meu dia a dia. Troco-os por qualquer ouro do mundo se não estiverem muito próximos.

Adoro post-its. Não interessa o tamanho e a cor, mas que estejam por perto. Auxiliam-me a lembrar das tarefas a realizar, anotar recados, escrever algumas palavras para uma futura poesia e, posteriormente, grudá-los no lugar que quiser. A sua funcionalidade é tanta que esqueço do celular, da agenda física e mais ainda da memória.

Antigamente eram caros e tinham seus estoques controlados nas empresas. Atualmente a inversão é visível. Post-its de todos os tamanhos e cores são oferecidos até mesmo em lojas de R$ 1,99 (mesmo que não custem R$ 1,99).

Por determinado tempo, quando entrava no segundo quarto do meu apartamento, gostava de admirar um grande quadro branco todo pipocado de post-its diversos. Alí eu parava e fitava-os com curiosidade. Muitos deles já faziam parte do mobiliário, eram meus hóspedes, companheiros.

Recados recebidos de amigos, bilhetes de amor, lembretes importantes, telefones úteis e até mesmo resumo de receitas culinárias. Tudo misturado, como se no meu espaço tivesse muita bagunça. Não tinha, mas naquele lugar tudo era permitido.

Certa vez ganhei de presente de uma amiga querida um estojo com vários compartimentos. Dentro deles, em tamanhos diversos, blocos de post-its que me encantaram. A paixão foi tanta que o guardo até hoje, sempre recomposto quando começa a ficar vazio.

Outro objeto essencial prá mim é a caneta. Preferencialmente de cor preta, que navegue sem sobressaltos no mar dos meus papéis. Não necessariamente precisa ser cara. Uma simples, bem novinha desempenha o seu papel plenamente. Uma caneta no trabalho, outra no criado-mudo, outra na cozinha, outra na bolsa e por aí afora. E quando ela demonstrou fidelidade no relacionamento e está em fase terminal, costumo levá-la para trocar a carga. Mania? Não! Essencialidade.

Por fim, essencial prá mim é um lenço colorido, que adorna o meu pescoço toda vez que percebo que ele já não é mais o mesmo. Excelente disfarce!

Mesmo disfarçada, ele me dita moda, simples, mas moda. Me deixa com ar altivo, circunda minha cabeça com alegria e me faz sentir bonita.

Pronto! Não preciso de mais nada!

(crônica publicada no livro PROSA NA VARANDA II - lançado em 24/07/2014)

Rosalva
Enviado por Rosalva em 29/07/2014
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