Quando perguntei à minha amiga Maria Luíza que tipo de homem ela preferia, ela me respondeu de imediato: alto, moreno, não muito magro, com pelo menos 50 anos, com peito cabeludo e, de preferência, bem-humorado. Mas aí, amiga, encontrei Xavier: estatura mediana, sem um único pelo no peito, com menos de 50 anos, mas bem-humorado, embora, a princípio, parecesse sério. A química, no entanto, é perfeita. Nossos corpos se entrelaçam numa harmonia indescritível, nossas cabeças se entendem, podemos ficar horas conversando ou nos beijando sem nunca nos cansarmos. Isso não se explica, apenas se vive. Afinal a vida é feita de momentos e o melhor a fazer é vivê-los, aproveitá-los todos, de preferência com um molho apimentado. Dizem que as pessoas não aparecem na nossa vida por acaso. Todas elas têm uma função. Algumas aparecem em momentos difíceis e desaparecem logo que sentem que não são mais necessárias. Outras ficam mais tempo do que deveriam ficar, mas é porque têm que aprender ou ensinar alguma coisa mais. Algumas passam como flashes de luz e nos beneficiam como os raios do sol. Outras passam como um relâmpago, rápidas, mas fazendo um estrago tremendo, uma devastação. Muitas pessoas levam meses para se recuperar. São obrigadas a procurar ajuda psicológica para cuidar das queimaduras que o relâmpago fez em sua alma. O que fazer se não há antídoto para esses sofrimentos? Todos temos que construir nossa estrada e, como já disse o poeta, “caminhante não há caminho, se faz o caminho ao andar”. Não podemos parar de andar, logo, não podemos parar de sofrer, de amar, de bendizer, de blasfemar, de se irritar, de se alegrar, de odiar as injustiças, de se comover com a tristeza e com a alegria dos outros. Se tivermos inteligência, não poderemos parar de aprender e partilhar o nosso conhecimento com a humanidade. Não é o que aprendemos que fará a diferença, mas sim o que fazemos com os ensinamentos que adquirimos.