UM DIA EM QUE EU FUI "DONO DE CASA".
Não há rotina resistente aos imprevistos. Meus compromissos profissionais, de segunda a sexta-feira, começam à tarde e vão até às 19h, mas, quando necessário, começo pela manhã. Isto não me rouba tempo e o prazer de ser um homem caseiro, hábito que a que a vida conjugal e a felicidade de ser pai adaptaram-me à nova “vida metade”. Sim, não sou único nessa parada; muitos hão de concordar comigo em que, se o casamento é um condomínio, ter filhos é tornar-se metade. No meu caso, minha outra metade está neles.
Márcia, minha mulher, está a desenvolver uma pesquisa na área em que trabalha e, precisando afastar-se da coordenação doméstica, me disse: - Amor, a casa é sua; cuide das crianças. – Eu? Sim, você mesmo. Bom, eu sempre dei aquela “mãozinha”, aprendendo no dia a dia a lidar com as coisas mínimas. Ficar um dia inteiro por conta da casa e das crianças veio-me como novidade desafiadora. Lá fui eu, atento a horários, disciplina, administrar a desordem de dois meninos, vê-los brincar e também entrar na deles; preparar-lhes o lanche, levá-los ao banheiro, ajudá-los a escovar os dentes e até banhá-los. Ah! Gabriel, com quase quatro anos, é menos trabalhoso embora faça farra sob o chuveiro; mas o Ítalo, com um ano, puxa vida, tenho que fazer tudo; segurá-lo para não cair, soltar a chuveirada, a espuma do sabonete e shampoo... Que bagunça esse menino no banho, batendo com as mãos e me molhando todo, rindo e gritando... sem querer sair da água. Que folgadinho! Prontinhos, limpinhos e cheirosos, deixei-os na sala enquanto digitava uma peça. E a brincadeira rolava. Gritos, coisas espalhadas pelo tapete, perguntas. (Gabriel está na fase das perguntas). – Sim, meu filho, agora deixe o papai escrever, tá? De repente ele vem, aproxima-se de mim, se joga no meu colo e... puxa vida! Derramou o suco sobre o teclado, olha só tudo melado! Não, não chore, papai não está bravo. Vá brincar com seu irmão, vá. Ítalo, andando pela casa toda, mexendo em coisas, espalhando brinquedos, ambos fazendo barulho. Perdi meu teclado. Fiquei o dia todo sem utilizar o PC.
Hora do almoço. Aquela comida improvisada, em parte; Márcia deixou algo já pronto. Mas tive que ficar ali, com eles, administrando e até pondo comida na boca do Ítalo. Ande, filhinho, coma aí, vai!... Em televisão só quem se liga é Gabriel. Vídeo game também e já mexe no computador. Ítalo é dos brinquedos barulhentos. À noite fui fazê-los dormir. Gabriel cismou de ficar ao meu lado, mas eu tinha que “ninar” o pequeno Ítalo até vê-lo dormir. Então, cantarolei algo até ele pegar no sono. Sim, tive que trocar roupinhas deles, falar baixinho, apagar a luz. Mas, até aí as tarefas não haviam acabado. Fui dar uma “geral” na casa, especialmente na cozinha, fiz questão de deixar tudo em ordem (nunca havia limpado um fogão). Tirei os brinquedos da sala, organizei tudo. Deixei a casa pronta e a mesa posta até Márcia chegar depois das 21h. Acho que fui aprovado.
No dia seguinte tratei de comprar um novo teclado. Distraído, comprei um da mesma marca, mas só em cassa percebi que não é sem fio. Puxa vida, fui mal! Mas vou ficar com ele, depois compro outro. Veja leitor (a), esta crônica ficou muito pessoal, o que não me é comum. Mas acho que o leitor mais ou menos da minha idade, e que é pai, identificou-se com ela. Casa pronta, mesa posta, crianças dormindo, quer saber o que rolou depois? Indizível!... Bem descontraidamente, valeu.
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Não há rotina resistente aos imprevistos. Meus compromissos profissionais, de segunda a sexta-feira, começam à tarde e vão até às 19h, mas, quando necessário, começo pela manhã. Isto não me rouba tempo e o prazer de ser um homem caseiro, hábito que a que a vida conjugal e a felicidade de ser pai adaptaram-me à nova “vida metade”. Sim, não sou único nessa parada; muitos hão de concordar comigo em que, se o casamento é um condomínio, ter filhos é tornar-se metade. No meu caso, minha outra metade está neles.
Márcia, minha mulher, está a desenvolver uma pesquisa na área em que trabalha e, precisando afastar-se da coordenação doméstica, me disse: - Amor, a casa é sua; cuide das crianças. – Eu? Sim, você mesmo. Bom, eu sempre dei aquela “mãozinha”, aprendendo no dia a dia a lidar com as coisas mínimas. Ficar um dia inteiro por conta da casa e das crianças veio-me como novidade desafiadora. Lá fui eu, atento a horários, disciplina, administrar a desordem de dois meninos, vê-los brincar e também entrar na deles; preparar-lhes o lanche, levá-los ao banheiro, ajudá-los a escovar os dentes e até banhá-los. Ah! Gabriel, com quase quatro anos, é menos trabalhoso embora faça farra sob o chuveiro; mas o Ítalo, com um ano, puxa vida, tenho que fazer tudo; segurá-lo para não cair, soltar a chuveirada, a espuma do sabonete e shampoo... Que bagunça esse menino no banho, batendo com as mãos e me molhando todo, rindo e gritando... sem querer sair da água. Que folgadinho! Prontinhos, limpinhos e cheirosos, deixei-os na sala enquanto digitava uma peça. E a brincadeira rolava. Gritos, coisas espalhadas pelo tapete, perguntas. (Gabriel está na fase das perguntas). – Sim, meu filho, agora deixe o papai escrever, tá? De repente ele vem, aproxima-se de mim, se joga no meu colo e... puxa vida! Derramou o suco sobre o teclado, olha só tudo melado! Não, não chore, papai não está bravo. Vá brincar com seu irmão, vá. Ítalo, andando pela casa toda, mexendo em coisas, espalhando brinquedos, ambos fazendo barulho. Perdi meu teclado. Fiquei o dia todo sem utilizar o PC.
Hora do almoço. Aquela comida improvisada, em parte; Márcia deixou algo já pronto. Mas tive que ficar ali, com eles, administrando e até pondo comida na boca do Ítalo. Ande, filhinho, coma aí, vai!... Em televisão só quem se liga é Gabriel. Vídeo game também e já mexe no computador. Ítalo é dos brinquedos barulhentos. À noite fui fazê-los dormir. Gabriel cismou de ficar ao meu lado, mas eu tinha que “ninar” o pequeno Ítalo até vê-lo dormir. Então, cantarolei algo até ele pegar no sono. Sim, tive que trocar roupinhas deles, falar baixinho, apagar a luz. Mas, até aí as tarefas não haviam acabado. Fui dar uma “geral” na casa, especialmente na cozinha, fiz questão de deixar tudo em ordem (nunca havia limpado um fogão). Tirei os brinquedos da sala, organizei tudo. Deixei a casa pronta e a mesa posta até Márcia chegar depois das 21h. Acho que fui aprovado.
No dia seguinte tratei de comprar um novo teclado. Distraído, comprei um da mesma marca, mas só em cassa percebi que não é sem fio. Puxa vida, fui mal! Mas vou ficar com ele, depois compro outro. Veja leitor (a), esta crônica ficou muito pessoal, o que não me é comum. Mas acho que o leitor mais ou menos da minha idade, e que é pai, identificou-se com ela. Casa pronta, mesa posta, crianças dormindo, quer saber o que rolou depois? Indizível!... Bem descontraidamente, valeu.
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