Dedão do Pé

E um dia tudo foi: grilos, sapos, galos, canto de passáros, vento no mato, sopro da terra, água que corre, fruta do pé e sorrizão.Até que inventaram a tal da revolução, das máquinas da produção e o homem correndo atraz da verdadeira "civilização".

Isso era o que diria, o seu Tonho, o velhindo caipira de 80 anos que todos os dias fica olhando o corre corre na calçada da esquina.

Eu que o diga! A vida moderna que as vezes irrita, cansa e faz cansar e sem trégua continua mesmo que você implore para parar, quando ligaram as máquinas na revolução industrial o barulho era tanto que desde lá não se pode mais ouvir seus próprios pensamentos, sentimentos, desejos e conselhos.

Agente acorda todo dia feito louco, dando volta sem parar pra pensar.Trabalha o dia inteiro, compra roupa, pega dinnheiro, poe no banco, paga as contas,obedece o chefe, leva o livro, compra o presente, faz a compra, toma banho, liga o carro, ve TV, lê o livro, marca hora, vê que dia, perde a hora, mata a aula, pega o ônibus, toma chuva, vai depressa, passa fome, perde a janta, fica on line, e se pergunta quando vai parar?

Ontem depois da janta sai do restaurante pensando quando voltaria a ver meu dedão do pé? Fazia quase 24 hrs que não o via, sabia que ele continua lá firme e forte, porque respondia aos sinais de movimento do meu cérebro.Mas a pelo menos 7 dias não parava para contemplar a coisa engraçada que é o dedão do pé.Não digo ver o dedão enquanto toma banho, poe o sapato, e seca entre os dedinhos.Digo deitar de pés pra cima com o céu de pano de fundo e o dedão que na cuticula faz a curva simpática sorridente caracteristica.

E a civilização dos não civilizados, do corre corre dos atrasados, nos afasta da natureza e da nossa própria humanidade nos afastando aos poucos de nós mesmos.