Fúria e eu
Fúria não cansa, e se cansa, guarda só pra ela. A noite passou rápida entre tragos de álcool e fumo além de boa música que não se encontra em qualquer cabaré.
A psicologia da forma, deformada pelos demasiados trinta por cento de teor etílico, me enxergam num quadro que eu mesma pintei, explicitando o implícito à meia luz. Medo e susto.
Fúria ri, às vezes conversa, às vezes fala mal, diz o que quer, sutileza e eufemismo não são seus amigos. Às vezes dói, às vezes não, às vezes “nem ouvi”. Leve e solta apenas canto, viajando por outros mundos encontrando a mim mesma no lugar que chamo de casa, chorando sem que ela perceba, por estar comigo mesma na minha árvore; enquanto a conversa ao telefone que outrora falava de chá, agora se demora e se deslancha num infinito de falácia que também não me diz nada porque o tempo passa depressa e o que eu tenho agora é o que quero.
Creio que existe um temor em ser vista dormindo porque apenas uma única vez a vi dormir e somente hoje vi outra cor nos olhos dela que antes eram só pretos.
Por que o tempo passa tão depressa? - Ela pergunta.
“Para que aprendamos a valorizar cada segundo” – respondo a mim mesma, porque esta resposta só a mim interessa. Dou de ombros, apenas sorrio dizendo “né?”
Não me diz nada. É o quero por hoje. Apenas.