Caso sério
Um dia atrás do outro, nada melhor para fruição do tempo... O homem, pendurado num trem do metrô, carro enguiçado, hora atrasada, num dia úmido de garoa paulistana.
Tímido por natureza, notou surpreso que uma loirinha, lá pelos seus trinta e poucos anos de felicidade, lançava sobre ele olhares e sorrisos. Sentada próxima à porta do vagão, sua beleza estática contrastava com os riscos velozes deixados na janela que lhe fazia fundo.
Primeiro, o homem quis se certificar que era mesmo o alvo dos olhares e sorrisos. Para isso, da maneira mais disfarçada que foi possível, aproximou-se lentamente, entre barras cromadas, parafusos, cotoveladas e pisões. A cada movimento mais uma afirmação de seus sentidos. O alvo era mesmo ele.
O coração desobediente batucava um samba canção, e a saudade de tanto tempo sem sentir aquele tipo de emoção gritava em seu peito de cinquentão. Aquilo lhe deu vontade de sair dali pra ver o mundo, conquistar coisas, andar de mãos dadas, viajar pro oriente, escalar o Everest, sumir nas madrugadas...
Frente a frente: enfim juntos num vagão de metrô. Ele, pendurado na barra cromada. Ela, sentada e sorrindo parecia um desenho de Modigliani. O sorriso se abre, agora largo e terno:
- Quer sentar, tio?
Um dia atrás do outro, nada melhor para fruição do tempo... O homem, pendurado num trem do metrô, carro enguiçado, hora atrasada, num dia úmido de garoa paulistana.
Tímido por natureza, notou surpreso que uma loirinha, lá pelos seus trinta e poucos anos de felicidade, lançava sobre ele olhares e sorrisos. Sentada próxima à porta do vagão, sua beleza estática contrastava com os riscos velozes deixados na janela que lhe fazia fundo.
Primeiro, o homem quis se certificar que era mesmo o alvo dos olhares e sorrisos. Para isso, da maneira mais disfarçada que foi possível, aproximou-se lentamente, entre barras cromadas, parafusos, cotoveladas e pisões. A cada movimento mais uma afirmação de seus sentidos. O alvo era mesmo ele.
O coração desobediente batucava um samba canção, e a saudade de tanto tempo sem sentir aquele tipo de emoção gritava em seu peito de cinquentão. Aquilo lhe deu vontade de sair dali pra ver o mundo, conquistar coisas, andar de mãos dadas, viajar pro oriente, escalar o Everest, sumir nas madrugadas...
Frente a frente: enfim juntos num vagão de metrô. Ele, pendurado na barra cromada. Ela, sentada e sorrindo parecia um desenho de Modigliani. O sorriso se abre, agora largo e terno:
- Quer sentar, tio?