Agonia
Um nó me subiu à garganta. Estava até mesmo difícil de respirar.
Lá estava eu. Abandonada em minha infelicidade agonizante. Sozinha naquela casa escura. Afogada em lágrimas que ecoavam pelo espaço vazio, devolvendo-me a dor que eu queria expulsar. Imersa em lembranças dela.
Não era apenas um vazio. Sentia uma cratera em meu peito. E todas as lágrimas entre os soluços não pareciam ter fim. Senti que meu pulmão logo sairia pela boca.
A dor era enorme, e indescritível. Eu queria correr, gritar, bater. Não parecia haver no mundo um sentimento tão sufocante, destrutível e persistente. Precisava acabar! Eu não poderia suportar aquilo ainda mais.
Eu não veria mais o seu sorriso.
Não sentiria o terno olhar dela sobre mim.
Ela não poderia, então, me abraçar e dizer que tudo vai ficar bem.
E como a mão de um Anjo intercedendo por mim, finalmente acordei.
Assustada e aliviada, procurei por ela, e ela estava lá. Eram duas e meia da manhã.
Abracei ela delicadamente, para que não sentisse a tensão que havia sobre mim. Acomodei meu corpo junto ao seu. Desabei em lágrimas, enfim. As lembranças do pesadelo corroíam minha estabilidade. Tentei abafar o choro, mas só o que conseguia era encharcar o travesseiro.
Aos poucos, fui me desfazendo desses pensamentos, na busca por distrair minha mente.
Até que, por fim, os soluços acabaram, o nó em minha garganta se desfez, e fui vencida pelo cansaço e pelo sono.
Previa que os olhos vermelhos da noite me denunciassem pela manhã, mas ficaram apenas um pouco inchados.
Ela saiu cedo. Sinto não tê-la abraçado, não tê-la dito que a amo. E terei de conviver com o medo e a ansiedade até que ela volte pra casa.
13/10/2010