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Há exatos 35 anos

Um simples, pequeno, mas gigantesco passo, que pode começar aos pés do altar para quem assim deseja. Uma decisão muito importante, porém, às vezes nos leva ao desconhecido, às incertezas e surpresas agradáveis ou não, principalmente quando não conhecemos a personalidade, o lado "avesso" da outra pessoa. 
Decisão (na vida) que necessita de maturidade, quando ainda somos imaturos. Requer muita sensatez para construir o espaço, organizar o mundo que irá envolver diretamente outras pessoas, além do casal, obviamente. 
Pensar que sabia ou sabe de tudo, quando quase tudo pode ser "desconhecido".

É no dia a dia que aprendemos a descobrir e a lidar com virtudes e defeitos nossos e do/a outro/a... Mas até atingir esse conhecimento, é necessário cavar muitos sulcos, depositar sementes infinitas,  capinar bastante para eliminar o joio, regar o chão, para em seguida ir gradativamente colhendo os frutos.

Exercitar a tolerância e a paciência é fundamental para compreender as diferenças. Em um relacionamento nem sempre vence a razão. Muitas vezes, mesmo tendo razão, é preciso estar aberto à concessões, ceder diante do outro /a, quando o mesmo/a não entende determinadas situações.  

Foi assim, caminhando um passo de cada vez, ouvindo, às vezes literalmente em silêncio sem esboçar sequer um gesto de discordância. Em outros momentos discordando mesmo antes que a sentença fosse concluída, que fui e sou parte relevante na construção de uma história, envolvendo 6 pessoas.


A estrada foi longa, o percurso difícil, cheio de obstáculos, os dias tomados por nuvens espessas e escuras, mas a consciência do dever cumprido é o prêmio maior. O saldo positivo compensa qualquer dificuldade ou até as lágrimas, que não deixaram de cair. Crises são inevitáveis em qualquer relacionamento. Não existe fórmulas prontas, um manual com orientações de como se obter o sucesso.

Quantas vezes, a gente imagina que sabe ou que encontrou o jeito perfeito para conviver com uma pessoa, mas depois acontece algo que nos deixa "sem chão". Aí constatamos o quanto somos sucetíveis à mudanças e como essas mudanças constantes podem afetar nossa vida, interferindo direta ou indiretamente nos sonhos, por exemplo.

Em virtude das crises que naquela época vivenciei, com o passar do tempo e a chegada da maturidade, procurei encontrar não todas as respostas que gostaria, mas pelo menos uma justificativa plausível para determinadas questões que, se não fosse minha lucidez e sensatez, o casamento poderia ainda cedo ter tomado outro "destino". E, digo-lhes que demorou bastante, foi difícil, mas consegui a maioria das respostas que busquei!

Em primeiro lugar não devo esquecer que me esforcei para continuar temente a Deus. Reuni forças sem saber que tinha e ousei, de certa forma e no bom sentido "desafiar" meu marido, quando insisti que precisava (justificando) e desejava voltar a estudar. Haviam decorridos 14 anos que eu tinha me afastado da sala de aula, enquanto estudante. Jamais deixaria de lutar por um sonho (e não era pequeno), por mais difícil que fosse.

Após conseguir o sinal "verde", fiz novo vestibular e fui para a Universidade. Foram 5 anos que valeram por dois terços de minha vida, em termos de informação, conscientização e nova visão do mundo. Nessa época, eu já havia estudado bastante (em casa) e participado de um concurso para professor da rede estadual. Fui aprovada e classificada. A nomeação veio em menos de seis meses. Deixei a Escola na zona rural (municipal) e passei a lecionar na cidade.  Nesse tempo, eu já tinha três filhos, inclusive a mais nova com apena um ano de idade. 
 
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Não devo esquecer de que precisei de muita oração, fé em Deus e pé no chão, para compreender e convíver com as diferenças, inclusive respeitando aquelas que eu não aceitava porque não conseguia entender totalmente. E assim, sem saber como, pude vencer os desafios e sobreviver.

Sou mãe de quatro filhos lindos. Todos trabalhadores, possuidores de bom caráter, sem vício algum e já casados. Tenho um casal de netos, por quem sou apaixonada e amo-os muito!!! Que mais posso querer?

Este é um resumo breve de minha história de vida, mas precisamente a partir dos meus 21 anos, quando decidi unir-me a outra pessoa através do matrimônio.

Dizem que o tempo sara todas as feridas, eu acredito, embora permaneçam algumas lembranças distantes, que outros chamam de cicatrizes. Eu não guardo cicatrizes nem tão pouco mágoas, guardo lembranças, sejam positivas ou não; prova de que tenho boa memória (rs). Onde quer que estejamos as lembranças nos acompanham. 

Sempre trabalhei fora (33 anos em sala de aula), desde solteira. E sempre participei de atividades em grupos diversos, como associações, grupos produtivos, grupo de mulheres e na comunidade católica, além de simpatizante de partidos político e até militante, porque tive um mandato. Isso já contei a vocês.

Tenho convicção de que minha vida assim "doada", envolvida com trabalhos voluntários, também me ajudou muito a superar o lado mais difícil no relacionamento. Hoje, eu sei que as dores e os obstáculos existem também para nos capacitar e nos fortalecer perante a vida.

Em minha memória não havia e não há lugar para lamentações que, embora viessem por algumas noites, a alegria estava de volta quase sempre com o nascer do sol. Reaprendi a sorrir quando o pranto cessou. Aprendi a ser feliz e isso despertou - me um desejo imenso de ajudar muito mais às pessoas e querer fazer feliz também meus semelhantes.

Já faz algum tempo que deixei de sofrer pelo que não vale a pena e desaprendi a dar importância para o que considero irrelevante. Sem ser egoísta, busco tão somente a felicidade! 
Em toda minha vida, Deus é meu tudo!!
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Grande beijo e minha gratidão por sua atenção!
Ísis Dumont
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 22/07/2014
Reeditado em 26/09/2015
Código do texto: T4892544
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