A RELAÇÃO
Diz que era um sitiante que desistira de tudo. Não tinha mulher e filhos, restaram somente alguns pés de café, algumas vacas e uma mula marrom. Deve-se, ressaltar que a mula é mais antiga que as vacas e os pés de café. Diz que a mula marrom vivia no sitio a mais ou menos uns quinze anos. Ela chegara com o “patrão”, quando este decidira mudar de uma grande metrópole para o bucólico sitio. Os moradores da região afirmavam que o sitiante se “engraçava” com a mula marrom. “O povo que não tem papa na língua”. Como cronista fora checar a tal informação. Cronista ou detetive? Só sei que comprara as passagens de ônibus e tomara o rumo do sitio.
Realmente, os comentários da região evidenciavam uma relação de paixão e amor. Entretanto, na turba não dá pra confiar, por isso fui pessoalmente ao sitio Felicidade. Chegando lá, notara a presença da mula marrom, muito bem zelada, se é que aqui, cabe este comentário. De qualquer forma, perguntara ao sitiante de forma desprendida, pra não causar espanto no “garanhão”:
- Quantos “mangos” o senhor quer na mula marrom?
- Não está a venda moço! Ela faz de tudo pra mim! É a minha esposa e companheira nas horas fáceis e difíceis. Falou o sitiante com ar de apaixonado.
Leitores! O ser humano é um animal muito complexo! De qualquer forma, ele também argumentara que: ela não discutia relação amorosa, não brigava por causa do futebol, não brigava por urinar com a tampa do vaso sanitário levantada, não gastava nenhum tostão, e que estava satisfeita com o capim do sitio. Entretanto, esse humilde cronista não viajara 500 km pra esquecer a pergunta final:
- Então, essa relação amorosa é perfeita. O senhor tem alguma queixa?
- Lógico doutor! Eu não consigo beijar a boca da mula!