Crônica – Dunga é o novo técnico da Seleção Brasileira
Sentado em meu escritório a degustar um bom livro, quando, de repente, veio-me meu secretário pedindo para que eu atendesse ao telefone, pois do outro lado da linha queriam falar comigo sobre a assinatura de um famoso jornal que assino. Muito bem, de prontidão, peguei o telefone na ânsia de ser algo bom, na ânsia de terem lançado uma coleção que tanto espero de livros ou cantores da MPB e, para meu espanto, a atende diz: -Senhor Rafael, aqui é do jornal tal e eu quero fazer uma pergunta, o senhor pode falar? Respondi-lhe: -Sim, claro. Inesperadamente ela soltou: -É que estamos fazendo uma pesquisa e gostaríamos muito que o senhor opinasse para que depois fizéssemos um levantamento, qual a opinião do senhor sobre a escolha do Dunga como o novo técnico da Seleção Brasileira. Parei e refleti: lá se foi minha coleção de que tanto precisava e tanto esperava. Circunspectamente lha respondi: -Sei que a senhora nada tem a ver com isso, mas e eu com isso de escolha de técnico? E o que o Dunga acrescentará em minha bagagem cultural? E o que eu tenho o que ver com Dunga? Instantes depois, a atendente desligou o telefone rudemente. Agora é assim, as pessoas perderam o pudor de uma vez por todas. Eu lá quero saber de Dunga? Vá perguntar à mãe dele, não para mim. Ela, com certeza, se viva, deve ter adorado a notícia. Eu quero que mostrem a cara do Engenheiro daquele viaduto derrubado em Belo Horizonte, é isso que quero; quero ver a cara desses políticos que roubam atrás das grades; quero ver o início do horário político para saber se ainda teremos muitas patranhas. É isso que eu quero saber. Quem vai ajudar a melhorar minha nação? E essas são as perguntas de que necessito saber. Então é isso. Valores pífios, medíocres, lúgubres que nada têm a me acrescentar. Não quero saber de Dunga , Soneca, Dengoso, Atchim, Feliz, Mestre porque já estou Zangado...
Rafael Vieira