A PACIÊNCIA

Já faz um tempinho que os leitores apreciam as crônicas da vovó Miralda. Entretanto, não disse nada do seu atual amásio, vovô Sinfrônio Demóstenes Demartte. Às vezes, cometemos a injustiça de não lembrar de algum ente em nossas crônicas. Pois bem, essa é dedicada ao vovô e a todos os homens com mais de quarenta anos.

Vovô Sinfrônio fora fazer o primeiro exame de próstata com um médico lá pras bandas da lagoa da Pampulha. Ele já estava tenso, alias como todo brasileiro que ainda não passou pela tal situação. Diga-se de passagem, o exame é muito importante para a prevenção do câncer. Todavia, o machismo do homem ainda persiste e muitos não convalescem desse mal.

“Sem rodeios” como diria vovô. Pra chegar ao consultório, o Demartte tinha que contornar a Lagoa da Pampulha, dar uma voltinha no Mineirão, depois virar a esquerda, e finalmente entrar a primeira rua à direita. Lá estava o consultório do Doutor José Octopus Vulgaris (mas isto não é o nome cientifico do polvo). Esse nome sugestivo "grego" só ficava na placa da sala pra quebrar o gelo da turma.

Já deitado na mesinha do consultório e em uma posição desconfortável o vovô espera o seu algoz. Naquele momento, o médico já iniciara os procedimentos da avaliação com o dedo indicador da mão direita. De repente, o celular vibra e toca um sonsinho (“deixa vida me levar”) ao mesmo tempo, com a mão esquerda o médico atende sem cerimônias (não me perguntem onde está a mão direita).

- Alô, sim é ele! Pra chegar aqui no consultório?

- Você dá volta na lagoa da Pampulha e depois uma voltinha no Mineirão e segue em frente; depois primeira direita e segunda à esquerda. O nosso doutor estava apontando o caminho com dedo indicador da mão direita. Ele ainda insistira mais ou menos uns 10 minutos na explicação. Naquele momento o vovô Sinfrônio soltou um berro:

- Sem rodeios doutor, termina logo com essa ligação.

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 16/05/2007
Reeditado em 16/05/2007
Código do texto: T489030
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