À Rubens Alves nosso imortal "CORPO COMO RESPOSTA
Confesso que após ler parte de"Variações da vida e a morte"...", de Rubem Alves, fiquei pensando naquelas propagandas políticas nacionalistas tão marcantes, como aquelas de Hitler e Mussolini.
Pensei sobre aqueles médicos e educadores de plantão, sobre os poetas extremamente trajados em suas roupas feitas sobre medida e os dentistas com seus uniformes bem brancos e passados, porém não esquecendo, é claro, dos teóricos,agora, ultrapassados em nossos convívios e bate - papos tão presentes ou on line.
Entretanto, voltei- me ao corpo, como um espírito que, nem os médicos, nem os educadores e nem mesmo os dentistas com seus uniformes quase transparentes poderiam enxergar, saquei- me da lembrança como quem saca da manga uma última cartada, jogando toda a sorte e/ou fortuna que se pode ter, (a vida).
Lembrei- me de Os Lusíadas e logo, veio- me a lembrança de Camões em águas oceânicas, num naufrágio em que estava em jogo - Os Lusíadas e, ainda mais, uma "amante" - Aquele que teve experiência em todos os combates da vida, que experimentou diversas mulheres, que se entregou apaixonadamente pela arte; por sua Epopeia, estava diante de uma decisão em que, um corpo e uma história, um ou o outro teria de sobreviver e, que em questão de segundos a decisão deveria ser tomada.
Sabia- se que aquela História era Portugal, aquela era a única epopeia real que poderia ser comprovada e que, perfeitamente lapidada aos métodos clássicos; por 30 anos trabalhados eram, em essência, nada menos que a vida de Camões, mas e aquela mulher que, assim como Camões era uma vida, mas que diferente daquela obra possuía suspiros, medos e temores? - Aquela mulher que entregou- se como libação aos momentos carentes de Camões? - Não era ela um corpo anseando por socorro?
"Com uma mão a espada e outra a pena"
É difícil julgá- lo uma vez que não temos sangue de guerreiro e, também, não compreendemos a noção da importância de Camões, porém não seria "Os lusíadas a extensão de seu corpo? - Não teria dado sua vida para salvá- lo? - Teria sido essa, uma atitude de patriotismo, fazendo- a valer muito mais que as demais epopeias por superar até mesmo a vida daquela mulher? - afinal, era a obra uma extensão de seu corpo?
é, eu não encontre as receitas daquelas comidas que mantiveram vivos aqueles tripulantes de Santa Maria, Pinta e Nina e nem mesmo os nomes de tais cozinheiros, afinal, não seria "Os Lusíadas uma lista de ilustre convidados?"
Talvez. seja essa parte que, com a mulher que não era portuguesa; essa parte que Camões não consegui resgatar, não resgatando, enterra- se com ela, aqueles pequenos operários que fizeram, mas que omitam seus nomes daquela que seria a mais completa e brilhante obra de nossa Língua Portuguesa.
Aquela mulher não portuguesa é como aquela classe de filhos pródigos que, não saindo de casa fizeram- se ausentes para que a Pátria Laureasse na lista os nomes daqueles que em vida, assinavam as obras feitas por aqueles e, assim eternizassem seus nomes por àqueles que morreram por eles e em nome da "Senhora"Patria-Mãe.