MUI AMIGO

e souza

Zé Vieiras, como era conhecido pelos mais íntimos da repartição pública onde trabalha, ele têm motivos para continuar no departamento, vive “pendurado” no chefe. Mora com sua mãe, a senhora Maria Vieiras. A vida do Zé se resume em, casa, trabalho, trabalho, casa. Jamais o Zé fora visto com uma mulher, sua conversa preferida é sempre sobre o trabalho e outras coisas que não interessam a ninguém. Na repartição, enfia a cara no computador e só para quando o chefe diz que já é hora de ir para casa, ele é sempre o último a sair, não comenta sobre mulheres, nem prováveis namoradas, mas espalha para todos os colegas que a maioria das mulheres da repartição estão perdidamente apaixonadas por ele, mas todos sabem que as conversas dele, não prendem atenção de ninguém. As histórias são sempre as mesmas e isso o torna um cara chato, na verdade, chato é o pé, porque ele é insuportável. Só é chamado para sair quando sabem que ele tem dinheiro, pois é ele quem paga a conta dos “amigos”, Moreira, Borges e o Silva. O Moreira não suporta que bebam de seu copo. Sexta feira passada, estavam todos no bar da linda Janaina e o Zé bebeu tudo que podia e o que não podia e desandou a falar da vida alheia, entregou alguns colegas, chegou até a falar mal do chefe, contou também que encontrou um cão abandonado na rua e o levou para casa, resultado: a mãe o expulsou e ficou com o cão, porque era mais bonitinho, não dava despesas, comia só uma vez por dia e o que era melhor; não abria a boca para dizer asneiras. Dias depois ela permitiu sua volta, mas com uma condição: ele deveria cuidar do cão, dar banhos e limpar suas criações pelo chão. O Zé concordou e voltou. No fim de semana ele não foi ao bar com os três amigos, eles estavam à mesa bebendo algumas cervejas quando do outro lado da rua desfilava aos risos e gestos, ele mesmo, o Zé Vieiras. Vinha ele com uma tremenda morena de fazer inveja a qualquer miss mundo. O sorriso do Zé, simplesmente iluminava o bairro, a tal mulher não andava, flutuava, parecia deslizar sobre trilhos, a boca perfeita, o nariz, os cabelos e um corpo espetacular, escultural. Aquele metro e oitenta e cinco era fascinante, na verdade, aquela aparição era uma verdadeira estréia, pernas esguias, tronco perfeito e aquele rosto simetricamente posto. Era a mulher ideal para um homem alto, bonito, culto, inteligente, rico, menos para o Zé que era oposto de tudo isso. Os dois de mãos dadas, conversavam entusiasmados. O Zé fez questão de dar uma paradinha bem de frente o bar e acenou com a mão esquerda e continuou andando despreocupado, era um caminhar de como quem caminha para um banho de mar ao luar. Inacreditável!!! Diziam os amigos la no bar. Algum tempo depois o Zé voltou ao bar, ele estava com um sorriso estranho, invejável no olhar e antes que se sentasse à mesa, os amigos quase que num gesto único, providenciaram uma cadeira, um copo e mais uma cerveja, agora só para ele e uma porção de batatas, ele exibia um sorriso que pegava de orelha à orelha. As perguntas eram feitas ao mesmo tempo, pois eles querem saber; quem e de que paraíso havia vindo aquela deusa, mas o Zé ainda está com aquele sorriso estampado no rosto e olhar vagando em estrelas. Após dar dois goles da cerveja, fez um gesto de quem procura um cigarro e imediatamente três maços apareceram à sua frente, juntamente com isqueiros já acesos. Deu mais um gole e pronunciou a primeira palavra do dia: - Ela é divina! – Meu, diz alguma coisa que a gente ainda não saiba! O Zé se levantou e deu um gole da caipirinha do Moreira e disse: - Amanhã a gente volta aqui e eu conto. E foi embora como se andasse nas nuvens. Daquele dia em diante o Zé nunca mais pagou cerveja, almoço, cafezinho e todos os fins de semana ele está com os amigos no bar e conta aos poucos sobre seu relacionamento e os melhores momentos ficam sempre para o dia seguinte. Na verdade ele come e bebe o que quiser e não gasta mais nada, porque tem sempre um amigão para ouvir as histórias e pagar a conta. É isso aí.

e-mail: edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 18/07/2014
Reeditado em 28/07/2014
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