CONTEMPLAÇÃO...

Hoje, é mais uma dia que te falo e que não me ouves. É mais um dia que te contemplo neste teu aposento de mil faces, pronunciando-me palavras inéditas.

Fala-me de caminhos tortuosos, enquanto mergulho dentro do teu ser e sugo todos os teus escritos, como se eles fossem de tudo, o que de mais belo tens para me dar.

Fico a te olhar, a te ler. Possuo-te com os olhos.

Permaneço sem tempo... sustentando segredos e alvoroços, que seduzem todo o meu ser. Fico entre beijos e flôres de suave fragrância. Fico com incertezas inconsistentes de um sentimento, vicissitudes de um outro lugar e tempo, entre horas que descobrem a nossa existência. Ventos e contratempos - a saudade das nossas vivências, o irrepetível que a memória guarda e não apaga.

Fico a te contemplar, e neste meu olhar contemplativo, envolvo-me no teu olhar de ternura, seduzida por palavras que procuro e por não encontrar, invento.

E por tantas outras palavras que já não escreves mais, deixo-te estas - "saudades de ti, poeta."