SOB A PONTE DE TUPACIGUARA

Há muitos anos eu entrei para o Corpo de Bombeiros e fui (despachado) destacado para um pelotão que ficava na cidade de Araguari, perto de Uberlândia . Na ocasião relutei para não ir mas não era opcional e por isso numa madrugada fria desembarquei na rodoviária local e na cidade fiquei por cerca de um ano e meio. Um povo muito bom para conviver e acostumei rapidamente com a região. A rotina diferente da capital e até monótona tornava os dias de folga recheados de diversões baratas como beber cachaça pelos bares e consumir noites em forrós e bailes de baixo calibre na parte pesada da cidade, com brigas e confusões etílicas e caça à mulheres de afinidades parecidas mas isso com lupa já que a cidade tinha um público feminino familiar e que inspirava respeito que não convinham avacalhar. Das passagens que temos revivo um atendimento a alguém que morreu afogado no Rio Araguari debaixo da ponte de Tupaciguara. Seguimos para lá e havia um mergulhador familiarizado com a rede fluvial da região por nome Zilon. que tinha tanta certeza de que acharia a vitima de afogamento que Em alguns casos assumia compromissos sociais certos em curto espaço de tempo, uma temeridade já que poderiam levar dias para achar alguém no rio e ainda assim léguas rio abaixo. Para fazer o leitor ler menos digo logo que chegamos e o Zilon pulou na Água a partir das informações de um conhecido da vítima que ainda acrescentou que ele poderia ter caído por culpa da bebida um hábito do morto. Cerca de 20 minutos o mergulhador conseguiu tirar o moço que já estava sem vida fazia horas de um remanso afastado da margem e quase na pilastra da ponte e resolvido o problema com autoridades policiais e parentes prontos para iniciar processos de encaminhamento para sepultamento. Houve ainda um pedido de alguém da família que como todos reparou que o rapaz morto esta sem qualquer peça de roupas e se não fosse muito tentar localizar por causa dos documentos. Fazendo o zilon voltas ao leito do rio iniciando buscas sem sucesso dessa vez. Leonir. O sargento que estava à frente das operações teve a idéia de prever uma margem do rio de onde ele poderia ter saído e dois bombeiros deram a volta e foram para o outro lado calculado o rumo de onde foi encontrado o corpo. EUREKA. Foram localizadas as roupas e os documentos. e o que foi suposto e que ele na verdade apenas teria pulado no rio para nadar embora totalmente sem roupas e acabou morrendo afogado e assim ficou até nova versão. Mas um fato curioso deixou uma predestinação na intenção do rapaz e ele sucumbiu a ela: Uma garrafa de aguardente estava perto do achado da roupa e totalmente vazia e nela o rótulo dizia: A ÚLTIMA Uma marca de aguardente encontrada na região junto com a CHORA RITA. como não há registro da primeira marca (A última) embora a segunda (Chora Rita) seja comum na região, para não confirmar nem negar sugiro que quando passar em Uberlândia procure o Zilon que ainda mora lá depois de aposentado.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 17/07/2014
Reeditado em 17/07/2014
Código do texto: T4885053
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