A derrota que doeu no caração das crianças.

Nunca se viu tanta criança cantando o Hino Nacional, vibrando, torcendo e pedindo que o Brasil jogasse pra elas nessa copa do mundo.
O grito: _ Brasil, joga pra mim! Ficou perdido no ar. Não foi dessa vez.
Foi lindo ver as crianças embolando a língua pra cantar o Hino, ver os estádios lotados numa só emoção torcendo pelo Hexa, ver o povo brasileiro ser receptivo com os estrangeiros.
O Brasil fez tudo direitinho como a Fifa pediu. Construiu estádios, consertou aeroportos, ofereceu segurança pra todos. Mesmo esquecendo os hospitais, as escolas e a segurança, nós queríamos mostrar pro mundo que ainda seríamos o país do futebol.
Mas não deu, a bola murchou. Diante de tanto gol, todos se perguntavam o que teria acontecido. A cada gol tomado o brasileiro ia murchando, murchando sem entender o que estava acontecendo.
Também nunca se viu crianças chorando, sofrendo por causa de uma partida de futebol.
Dessa vez a seleção brasileira não conseguiu amarrar o amor na chuteira.
Ela não conseguiu jogar para aquelas crianças que estufaram seu peito pedindo que jogassem pra elas.
Mas elas ainda vão ter muito tempo pela frente para ver a seleção amarrar o amor na chuteira. Vão sim. Com mais quatro anos elas irão cantar o hino corretamente sem embolar a língua, vão vibrar com mais força. Não foi dessa vez!
Precisamos lembrar pra nossas crianças que nós somos o penta. Que ainda estamos na frente, pelo menos no futebol. Precisamos passar pra elas que derrotas fazem parte das competições e da vida. Ganha aquele que joga melhor. Foi sempre assim.

Assim é a vida. E assim ela segue. Que possamos seguir em frente dando um rumo melhor para nossas vidas. Quem sabe não é a hora? Hora de refletir que nem todo mal é mal. Hora de pensar no que realmente o nosso país está carente.
Hora de nos unirmos com a mesma garra que cantamos nos estádios, mas por um Brasil melhor, pra que daqui a quatro anos as crianças de hoje possam cantar com mais orgulho o nosso Hino Nacional.
Lembrando que a alegria de uma criança não se faz com bola rolando na grama. Ela inicia no berço quando você começa a preparar ela pra vida.
Que possamos ficar mais atento, não nos gols perdidos da seleção, mas nas nossas crianças aqui fora. Vamos marcar gols na luta pela diminuição da exploração sexual infantil, nos maus tratos dentro dos lares, nos desvio de verbas da merenda escolar, na falta de atendimento médico, na corrupção que está aí escancarada.
Esses sim, são motivos sérios para fazer uma criança chorar.
Essa sim é nossa VERGONHA NACIONAL.
O futebol é só um esporte, uma diversão.
A nossa partida mais dura é fora de campo , não dentro dele.




 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 17/07/2014
Reeditado em 27/06/2018
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