A VERDADE E A MENTIRA.

Jesus não pertenceu ao seu tempo, mas aos tempos, ao mundo em que viveu, mas aos mundos. É a bússola de todos os séculos, o porto seguro das aflições desmedidas lançadas no turbilhão efervescente da agonia e da dor que só sua inteligência aplaca e conforta, o norte das angústias.

E esse ser extraordinário, questionado por Pilatos sobre o que era a verdade silenciou. Pois veio ao mundo para fazer justiça.

Esse silêncio não se tem dos que apregoam a mentira e negam com desfaçatez a verdade, a mesma verdade que os faz criminosos de todos os crimes, por cometidos contra o coletivo em suas várias necessidades pelo que paga em tributos. Continuam a perseguir o voto dos que nada discernem, mesmo que estejam com a mácula do que a lei adjetivou de “sujo”, a vida suja, a “ficha suja”, iniciativa legislativa que só foi admitida por ter origem, como permite a Constituição, na vontade do povo. Nesta reside a verdadeira democracia direta, sem plebiscitos ou referendos. E foi mutilado este processo volitivo, puro socialmente.

O impedimento, como queria a iniciativa de legislação popular originária, se daria por decisão de magistrado de primeiro grau, pura e simples, monocraticamente, mas emendou-se a lei para que fosse reconhecida a impossibilidade somente com decisão de segundo grau, de um tribunal, portanto mais elástico o prazo. Modificada por quem? Pelos interessados.

Deus é misericordioso e Jesus de Nazaré, seu Filho, verdadeiro, mas quantos morreram injustamente, como os grandes cérebros que a própria igreja queimou e matou cruelmente, por defenderem ideias, sem mentirem.

No seu "Livro das Sentenças da Inquisição", Liber Sententiarum Inquisitionis, Bernardo Guy, respeitado teórico da Inquisição, aponta métodos para obter confissões com enfraquecimento das forças físicas do inquirido. De extrema crueldade.

Vanini foi queimado por suas crenças em princípios metafísicos, respeitáveis. Em seus últimos momentos mandaram que apresentasse a língua para ser cortada. Seria um preço antes de ser enforcado e queimado para não pregar mentiras, e recusou colocar a língua para fora. A língua foi exposta com tenazes e arrancada. Nunca se ouviu grito maior, conta a literatura. E ele não mentia....

Somente defendia seu pensamento que não se alinhava com a linearidade da Igreja soberana da qual nada poderia ser contraditado. Qualquer variante filosófica de pensar Deus fora do modelo político dominante tornava-se ateísmo.

A Igreja corta a língua do padre Giulio Cesare Vanini, enforca-o e depois o manda para a fogueira em Toulouse em 1619. Por pensar, sem mentir, somente acreditando em suas ideias.

A carta de São Tiago adverte que com todo seu corpo o cavalo tem o freio que o comanda na pequena língua, assim como o leme dos navios que dão a direção a seguir.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/07/2014
Reeditado em 15/07/2014
Código do texto: T4883328
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.