AS ÁRVORES PERSISTEM
As árvores são livres em sua natureza. Crescem ao seu sabor. Para cima, para os lados, crescem pouco ou não, se espalham muito, ou inspiram os homens, com simetrias precisas linhas exatas, formatos que parecem pintados à mão e à régua.
É da natureza das árvores serem livres. Serem de acordo com cada semente que a germinou. E elas respeitam a sua natureza. É da natureza do homem também ser livre. Ter livre arbítrio. Para usá-lo num trabalho que o levaria ao raciocínio que deveria pender para a lógica. A lógica é exata, precisa, matemática. O raciocínio é livre e pende para onde quer. Parte para ações que negam o raciocínio. Os homens agridem as árvores. Vão à elas e tiram-lhes a liberdade de ocuparem seu espaço de acordo com suas formas naturais. As machucam, tiram-lhes as possibilidades de permanecerem em suas formas livres. Arrancam-lhes as condições de manterem as suas formas primárias, acordadas com a natureza das sementes que as germinaram; com as imperiosas forças que as fazem livres, que as impelem a ocupar os espaços, de serem como são, precisas como sua própria natureza. Os homens as deformam. E as árvores resistem. Deformadas, contrariadas em sua natural liberdade, resistem e tentam, ainda assim, a exuberância que a natureza lhes confere. As árvores exibem as suas cicatrizes e persistem.