Moderninhos Egoístas do Século XXI.
A busca ignorante pelo poder que nunca existiu
Minhas companhias são todas ridículas. "Diga-me com quem tu andas que eu direi quem tu és" -Tenho medo desse ditado popular, afinal, ele pode ter razão. Meus olhos se enchem de areia quando leio o que pensam. Escrever deveria ser restrito. Penso que sou meio ditador e preconceituoso. É que com a invenção da internet e com a proliferação de blogs de pseudo-escritores e técnicos literários fica muito difícil fazer algo sério.
Não estou criticando os escritores que estão começando, tenho o maior respeito, mas a maioria não são profissionais ou amantes da arte. A menina da revista teen que faz do seu blog um diário não pode ser considerada uma escritora, mesmo a turminha infanto-juvenil tendo gosto por algo tão fútil, raso e empobrecido. Recuso-me a colocar coxinhas que pagam pelo espaço para se autodenominarem intelectuais em pé de igualdade com meus heróis da literatura. O que me entristece é conhecer gênios anônimos e clichês no topo. A banalização da arte é explicita. Comecemos pelas músicas, estão indo de mal a pior. E não, não quero impor minha visão de cultura, tanto faz os ritmos musicais, mas se quer fazer um sertanejo, por exemplo, faça uma coisa digna, use elementos diferentes, inove, tenha afinação na voz, pare de seguir o óbvio só porque fez sucesso, você pode até estourar nas rádios, mas logo será esquecido, se não tem conteúdo e estudo por trás de uma carreira ela não segue adiante. Fica banal e ao invés de se tornar um clássico, torna-se brega.
A internet tem criado mundos superficiais, mas até quando esses mundos resistirão? Amores de dois dias, músicas sem letras, poesias trocadas por livros de auto-ajuda e diários de meninas de 15 anos indecisas com a roupa de ir ao shopping,Selfies, selfies e mais selfies. Nada contra, também sou adepto, também ouço hits de verão, também gosto da rapidez da internet, mas será que é só? Juventudes inteiras perdidas no verbo ostentar?
Tenho saudades do que não vivi: do tempo em que Clarice Lispector publicava contos em jornais, do tempo em que Elis cantava e encantava, do tempo em que cartas valiam mais que emails, do tempo em que cartões postais eram mágicos, do tempo em que o politicamente correto não era tão entediante. Estamos vivendo uma chatice, todo mundo em busca do prazer pessoal, esquecendo-se do coletivo, comparando pessoas, dando espaço para os irresponsáveis e tornando-se os moderninhos egoístas do século XXI.