Outro texto romântico

Tentei seguir em frente todos os dias durante um ano. Fingi tanta coisa, escrevi sobre outro alguém. Mas quando a chuva caía te via em cada poça imoral. Em todos os óculos escuros largados sobre a mesa. Em cada saia rodada florida que via quando virava alguma esquina. Sempre que ouvia um “toc toc” de salto alto. Em toda Lua Cheia, a cada vez que sentia um cheiro doce. Nenhuma daquelas bocas era a tua, nenhuma daquelas línguas, nenhuma daquelas peças de roupa jogadas pelo chão do meu quarto.

Como eu mentiria se dissesse que não senti saudade de teu jeito! Que não me fez falta teu jeito amargo e forte como aquele café que tomávamos todo domingo de manhã. Era assustador chegar a casa e ver o apartamento vazio de você, sem tuas roupas jogadas e tuas manias extremamente irritantes. Ainda tentei, algumas vezes, voltar para casa mais cedo que você para fazer-te uma surpresa. Planejei alguns dias, fazer reserva em um daqueles restaurantes que você gostava e te buscar no serviço. Acredita que comprei um buquê de flores para te entregar? Mas deixei-as morrer. Não sei cuidar de plantas tão bem quanto você. Nem do nosso amor. Na verdade, mal sei cuidar de mim. E foi por negligência minha que nossos sonhos morreram. Que você foi embora.

Eu tentei evitar pensar em ti de todas as maneiras que eu encontrei, mas não funcionou. Apaguei nossa música da playlist do carro, mas ainda dirijo cantarolando-a. Joguei fora todas as mensagens e cartas que você me mandou, mas sei o que estava escrito de cor. Mudei o trajeto que faço de manhã, mas todos eles ainda me levam a você.

Eu tenho tanto a falar, mas não posso. Pois prometi, jurei a mim que não escreveria mais sobre você; e cá estou eu, desperdiçando alguns minutos do meu dia só pra falar de ti. Mas afinal, já desperdicei tanto, não é?

Apesar de tudo, não sei se quero você de volta. Não sei se te aceitaria depois de tudo. Não nessas condições. Mas se quiser dar uma passada aqui, a gente conversa...