A Copa das Copas

Quando meus filhos vierem, crescerem e começarem a entender o futebol, eu espero que a história que eu tenho para contar para eles pareça mais impossível do que na verdade foi. A história da Copa de 2014, a copa das copas.

Com meu pai eu pude aprender melhor a história da copa de 70, a primeira transmitida para toda a nação. A tal copa de 82, com o melhor time de futebol que já pisou sobre a Terra, e inúmeros outros sucessos da Seleção Brasileira de Futebol, um time de gênios, temido por todos.

Mas a vida tem altos e baixos. Teve a Copa de 98 aí também, que ainda dói. Mas eu acredito que para processar e entender essa copa de 2014 levaremos muito mais tempo.

Que o time já cambaleava desde o começo é um fato. Mas os 10 gols sofridos em dois jogos elevaram (ou seria rebaixaram?), o que já estava ruim para o patamar do grotesco, pífio e ridículo.

Como eu vou explicar aos meus futuros filhos e netos que a mesmo país do grande atacante Ronaldo, o fenômeno, se resumiu a um tal de Fred?

Como explicar um 7x1 seguido de um 3x0?

É melhor que eu fale de como a copa foi boa. De como os aeroportos não pararam, como alguns pregavam que ocorreria.

Melhor falar como meu povo brasileiro recebeu tão bem uma enorme quantidade de turistas. Melhor falar que os estádios estavam prontos, ainda que em cima da hora, e que ficaram muito bonitos.

Melhor falar que houveram grandes jogos de futebol. Que a Costa Rica, pequeno país caribenho, peitou e eliminou gigantes: Itália e Uruguai.

Melhor falar que as seleções africanas, sem o brilho nem glamour das reais favoritas, extraíram cada gota de suor que Alemães e Franceses tinham.

Foi uma grande copa. A copa das copas, dos gols, das surpresas. A copa do país do futebol que, merecidamente, saiu pela porta dos fundos, para não estragar a alegria daqueles que se esforçaram até o último instante pelo resultado.

É meus filhos, eu me orgulho da Copa de 2014. Mas espero que em 2030 o time do Brasil tenha bons laterais, um meio de campo genial e um atacante “matador”. Como quase sempre teve. Como deveria ser.