A professora de chá
"Fly me to the moon" toca no meu ouvido através do fone enquanto eis-me aqui ouvindo uma adulta ensinar, via telefone, outra adulta a fazer um chá.
O ritmo é suave e o chá é de camomila. Dizem as línguas que acalma. Calmíssima estou eu na cama esperando a conversa do chá acabar. Diana Krall é um espetáculo e ritmo da música flui como gotas d'agua pingo a pingo rumo ao fundo da pia.
- "Não deu tempo ainda de fazer o chá" - diz a professora entre um trago e outro de álcool e fumo.
Apenas observo enquanto a conversa muda de chá, que provavelmente nem foi feito, para intrigas de estado entre mulheres que amam mulheres. A calma do chá é substituída por uma conversa sobre confiança ou não, promessas infundadas, por vezes desnecessárias ou aleatórias. E de "fly me to the moon" passamos à "let's fall in love". A conversa do chá e a promessa de um novo recomeço parece iniciar o fim da conversa ou não. E, de repente, a música parece bem mais interessante que a conversa de promessas e chá que acalma.