DE ANTÔNIOS AOS TONHOS
Doutor Tonin, Dorvalino de primeiro nome, muito mais que lecionar direito ensinava sobre a vida, já beirava os setenta, mas tinha vigor de vinte, contava que chegara em Porto Alegre somente com uns trocados, nos primeiros dias dormia ao relento fazendo dos tamancos seu travesseiro e das bananas as refeições.
Toninho Carne Seca, camarada de confiança, nos finais de semana gostava de pescar pintados no Guaíba, lá pelas imediações da Vila dos Sargentos, na segunda trazia bolinhos de peixe, a maioria devorava, eu refugava. Mesmo com os meniscos estourados não furava nenhum jogo de salão. A pinga e o cigarro eram as maldições que carregou para o além.
Seu Antonio, Presidente, dono da sede, do time e do campo. Pagava bem os bambambãs, anos depois entendi de onde saia o dinheiro, saia do bicho, o jogo proibido.
Toninho da quinze, assim era conhecido, porque morava na parada quinze, não faltava um jogo aos domingos, assistia tomando uma pinga.
Antolino Mayer dos Santos, de palhaço de circo a bivô dos meninos, gostava de ganhar uma bijuja.
Da área em frente da casa avisto a torre da igreja de Santo Antônio no morro de igual nome, mas não sei por quanto tempo, pelo menos enquanto não construírem um edifício mal educado tipo da maioria deles que teimam em ficar entre nossos olhos e o mundo.
Tonho foi se chegando, quando nem tonho era e de tão intimo virou Choinho. Todos os dias me saudava na saída e chegada, gratidão por um pedaço para dormir, comida, água e alguns afagos. Um dia ele se foi como chegara.
São Antônios ou variantes, cada um com sua história.