Somos "Buenisimos"
Meus amigos e amigas, na idade em que me encontro posso dizer que já vi de tudo. Ou melhor, imaginava que já tinha visto de tudo. Ledo engano. Faltava ter visto o jogo Brasil x Alemanha. Parecia que eu tinha ido a um teatro de vaudeville. Explico para os mais jovens: é um teatro de variedades, onde tudo acontece, vemos ao mesmo tempo a exibição de acrobatas, comediantes, circo de horror (e que horror foi a partida para nós brasileiros), animais treinados, mágicos. É como uma ópera bufa. Lembro-me bem que por três vezes, no espaço mínimo de quinze minutos, nossa defesa ia para um lado e os alemães para o lado contrário, dentro de nossa pequena área, mas eles, alemães, com a bola. Iniciavam uma linha de passe em frente ao goleiro Júlio Cesar, até que um alemão fazia o gol. Em meia hora, cinco gols. Recordo-me do Nelson Rodrigues, em uma de suas badaladas crônicas se referindo a uma hipotética missa cômica. Todos de joelhos e de repente o padre começa a virar cambalhotas e o coroinha equilibrando laranjas na boca como uma foca amestrada . Foi assim que senti o jogo. Só faltou o olodum baiano entrar em campo com seus tambores, cuícas e tamborins.
A coisa foi tragicômica e é por isso que nenhum analista conseguiu até agora explicar o que aconteceu com o Brasil.
Antes deste jogo, um menino argentino, pela internet, por sinal inteligente, dizia para a desesperada mãe argentina: “los brasileiros son buenisimos”. E a mãe respondia: “Non, son malisimos”.
Este teatro desagradável nos humilhou e nos envergonhou tanto que colocou todo o povo brasileiro dentro de campo e nosso sofrimento nos deixou dentro da cena.
Levaremos algum tempo para um distanciamento e estabelecer uma crítica saudável.
Apesar de tudo, ainda acho que somos buenisimos. Só nós temos cinco títulos e sempre encantamos o mundo com nosso ousado futebol.
Gostaria de chegar aos 108 anos, como a minha vizinha, Dona Antonia, para assistir a nossa recuperação e ver a seleção brasileira dar o troco na seleção alemã. Ontem mesmo vi Dona Antonia falando com o bisneto Vinicius. Peguei a última frase e o conselho dela. Ela dizia: -“ Vinicius, meu bisneto, a minha longevidade se deve à banana que como todos os dias. Mas atenção: não é só comer banana, não! É preciso trabalhar, trabalho é que dá saúde”.
Vou seguir o conselho da Dona Antonia, já penso em deixar minha aposentadoria de lado e voltar a trabalhar (comendo bananas). Meu sonho é assistir o crescimento do meu Brasil, que adoro, bem como do seu adorável povo. O brasileiro ainda se intimida com suas virtudes. Temos que aprender a levantar a cabeça.
O menino argentino tem razão: Somos buenisimos!
Meus amigos e amigas, na idade em que me encontro posso dizer que já vi de tudo. Ou melhor, imaginava que já tinha visto de tudo. Ledo engano. Faltava ter visto o jogo Brasil x Alemanha. Parecia que eu tinha ido a um teatro de vaudeville. Explico para os mais jovens: é um teatro de variedades, onde tudo acontece, vemos ao mesmo tempo a exibição de acrobatas, comediantes, circo de horror (e que horror foi a partida para nós brasileiros), animais treinados, mágicos. É como uma ópera bufa. Lembro-me bem que por três vezes, no espaço mínimo de quinze minutos, nossa defesa ia para um lado e os alemães para o lado contrário, dentro de nossa pequena área, mas eles, alemães, com a bola. Iniciavam uma linha de passe em frente ao goleiro Júlio Cesar, até que um alemão fazia o gol. Em meia hora, cinco gols. Recordo-me do Nelson Rodrigues, em uma de suas badaladas crônicas se referindo a uma hipotética missa cômica. Todos de joelhos e de repente o padre começa a virar cambalhotas e o coroinha equilibrando laranjas na boca como uma foca amestrada . Foi assim que senti o jogo. Só faltou o olodum baiano entrar em campo com seus tambores, cuícas e tamborins.
A coisa foi tragicômica e é por isso que nenhum analista conseguiu até agora explicar o que aconteceu com o Brasil.
Antes deste jogo, um menino argentino, pela internet, por sinal inteligente, dizia para a desesperada mãe argentina: “los brasileiros son buenisimos”. E a mãe respondia: “Non, son malisimos”.
Este teatro desagradável nos humilhou e nos envergonhou tanto que colocou todo o povo brasileiro dentro de campo e nosso sofrimento nos deixou dentro da cena.
Levaremos algum tempo para um distanciamento e estabelecer uma crítica saudável.
Apesar de tudo, ainda acho que somos buenisimos. Só nós temos cinco títulos e sempre encantamos o mundo com nosso ousado futebol.
Gostaria de chegar aos 108 anos, como a minha vizinha, Dona Antonia, para assistir a nossa recuperação e ver a seleção brasileira dar o troco na seleção alemã. Ontem mesmo vi Dona Antonia falando com o bisneto Vinicius. Peguei a última frase e o conselho dela. Ela dizia: -“ Vinicius, meu bisneto, a minha longevidade se deve à banana que como todos os dias. Mas atenção: não é só comer banana, não! É preciso trabalhar, trabalho é que dá saúde”.
Vou seguir o conselho da Dona Antonia, já penso em deixar minha aposentadoria de lado e voltar a trabalhar (comendo bananas). Meu sonho é assistir o crescimento do meu Brasil, que adoro, bem como do seu adorável povo. O brasileiro ainda se intimida com suas virtudes. Temos que aprender a levantar a cabeça.
O menino argentino tem razão: Somos buenisimos!