Plínio

Ligado à Comissão Pastoral da Terra, às reformas de base, à reforma agrária e a lutas por igualdade e justiça social, o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio foi enterrado na manhã de hoje em Perdizes, Zona Leste de São Paulo.

Com tais atributos, peculiares aos que se posicionam mais à esquerda, provavelmente ele não deve ter escapado a olhares desdenhosos por parte das elites e setores oligárquicos. Que poderiam, ao menos, reconhecer a atitude imparcial desse homem que, fundador do PT, resolveu abandonar o partido quando se consumaram os escândalos do Mensalão. O que poderiam ter feito - e alguns o fizeram - todos os que não conseguem compactuar com desmandos públicos ou procedimentos criminosos, ainda que praticados por colegas de partido, correligionários, amigos ou parentes.

A morte de Plínio de Arruda Sampaio, no entanto, pode servir para tranquilizar setores direitistas assustados com a possibilidade, por eles imaginada, de implantação de uma ditadura socialista por aqui. Não que ele fosse capaz disso ou sequer tivesse essa intenção. Mas é que, a julgarmos pela a maioria dos fundadores do PT, e posteriores agregados, podemos supor que eles não teriam a hombridade do Plínio para, com a sua saída do partido, denunciar procedimentos incompatíveis com os motivos que os levaram a fundar a agremiação. Só pessoas assim conseguiriam de fato assustar as elites.

O que não é o caso dos que, assimilando e aceitando práticas delituosas, acabam por se colocar muito mais à direita do que se possa pensar. E, dessa forma, longe de uma aventura que para eles perdeu inteiramente o sentido. Seria preciso que tivessem muito do Plínio, coisa que eles não têm.

Rio, 09/07/2014

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 10/07/2014
Reeditado em 10/07/2014
Código do texto: T4876342
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