Tempo de reconstruir

Durante a vida construímos casas, prédios, templários e um mundo de outras raridades que requer, por si só, alguns cuidados especiais para que o final da obra não fique a desejar: quer sejam aos nossos olhos, quer sejam aos olhos dos mais críticos e céticos.

Mas nenhuma obra, por maior que seja, precisa de mais atenção do que a construção do amor. Esse sim, não pode ter erro algum! Qualquer vacilo esse mundo desaba, vai ao chão sem atropelos. Não temos a quem recorrer, não existem escolas, não existem formas e nem meio-termo. Aprendemos desde os mais ternos anos de nossas vidas, que não somos inteiros, que devemos procurar a nossa “cara-metade”, pois só assim, podemos ser eternamente felizes. Esta é uma das maiores falácias que conheço. Somos inteiros sim! Não somos partes de um todo. O problema é que tentamos construir a felicidade sobre o alicerce de um todo que não nos pertence.

O amor requer cuidados extraconjugais que vão além dos cálculos matemáticos e metafísicos.

Quando jovem acreditava que o orgasmo era a consolidação de um projeto familiar, ou seja, a última demão para a solidificação da felicidade, não importava as cores das tintas, nem tão pouco, o verniz de nossas caras. Hoje vejo que aquele momento de extremo gozo é apenas um dos materiais da obra, talvez o mais caro, o mais sofisticado, mas outros e mais outros são de igual valor, sem eles nada será construído ou solidificado.

Não podemos esquecer de que todas as construções, por mais requintadas ou simples que sejam, necessitam de reparos constantes. Os desgastes são naturais e inevitáveis.

O amor não é um ponto final.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 15/05/2007
Reeditado em 07/10/2017
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