SERTÃO
Sol que castiga, que maltrata a carne e a alma, a pobreza é uma sentinela que vigia de dia e de noite e trata com mão de ferro o sertanejo. Terra seca que endurece o coração, nele, a esperança é um forasteiro que nunca vem e até o fruto da terra nasce condenado. O céu infelizmente não chora, não derrama suas lágrimas sobre os campos áridos de galhos ressequidos espalhados pelo chão, são como os ossos que os cemitérios querem expulsar de seu ventre.
Quis o destino marcar seus rostos com o sofrimento e deixar sua marca para que todos saibam de suas miseráveis vidas. A fome anda de mãos dadas com a morte, parceiras fiéis de longa data, mancham famílias com a cor do luto, o choro ecoua noite a dentro e é música para os ouvidos dos esquecidos. Estão excluídos e levam no peito uma dor do tamanho do sertão. O silêncio e os olhos marejados falam por si, são gritos sem palavras por socorro. Não é preciso dizer nada mesmo, pois o que se pode esperar de um lugar onde as próprias mães produzem seus órfãos.
Marcelo Queiroz
21/05/13
21:00h