20 e poucos anos

Sabe, hoje foi o dia mais difícil, arrastado e solitário do ano. Não entendo bem como as coisas acontecem aqui dentro do meu peito, mas foi impossível vencer essa crise sozinho, precisava falar com você, ouvir a sua voz, por isso liguei, a fim de trocar o meu orgulho por um sorriso teu. Fiquei escutando essas músicas encorajadoras... o duro é tirar um sarro disso. Pode ser fraqueza, mas eu chamo de outra coisa, uma coisa sem nome, o fato de vir aqui depois de todo esse tempo, tem muito a ver com as mil vezes que li seu último e-mail.

No primeiro dia eu estava disposto a não responder.

No segundo dia eu li com uma dor mais resignada ainda.

No terceiro dia não aguentei, aquela brasa revolveu e marcou demais meu coração, estou tentando não parecer tão estúpido, estou inclusive assumindo o risco de estar cometendo o erro mais patético da minha vida.

Se fiquei esperando a poeira baixar, a poeira não vai baixar.

Não estou conseguindo ver a um palmo das ventas. Eu não quero ficar sozinho.

Gostaria imensamente de saber como vai você, então te liguei, só pra dar um oi.

A verdade é que ainda estou aqui. A verdade é que acreditei em você quando disse que o seu amor não acabaria. Talvez você não sabia do que estava falando. Não vou te julgar por isso. Cada um aprende ao seu modo.

Sei que as pessoas mudam, e o sofrimento pode transformar muito rapidamente alguns conceitos, mas se as coisas não tiverem mudado tanto assim por aí, e você quiser conversar, nem que seja por telefone, me avisa.

Passei o dia repetindo aquela frase que "tudo passa", mas não me acalmei, estou muito agitado. Se você não retornar, que eu me vire e dê um jeito de me acalmar sozinho. Dou um jeito como você deu.

Não sei como acabar esse e-mail. Melhor não dizer mais nada.

Mesmo que você nunca leia isso, pelo menos eu coloquei pra fora.

Se você ler depois de muito tempo, não sei como as coisas vão estar.

Saiba que eu nunca amei ninguém como amei você, eu te amei, e se eu ainda te amo, não quero que isso passe, prefiro acreditar que é de verdade e que nada foi em vão, e que não era a sua estupidez, era a minha que não me deixava ver.

Se você ler logo, mas não souber o que dizer, ou não ter o que dizer, não se sinta culpada.

Se você já me esqueceu, não me diga nada. Deixa estar.

Não se preocupe eu também não sei mais nada.

Tchau.

Drachir
Enviado por Drachir em 08/07/2014
Reeditado em 08/07/2014
Código do texto: T4873822
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