Desejo, vontade, sentimento!

Um dia eu olhei para minha vida.

E cansei. Isso! Cansei de tentar fazer o certo, e virar a mesma coisa que sempre fiz.

E sempre.

Me detonar aos poucos.

Agora é definitivo!

Eu vou te achar aclamada felicidade! Onde estiver vou te sugar, e então tirar satisfações.

Porque, afinal, eu não estou feliz?

Comecei a caminhar, sem destino... pra que destino?

Eu quero achar a felicidade, mas se colocar ordem e regras em tudo, sempre vira uma desordem, preciso finamente me deixar levar.

Caminhando vi uma mãe segurando seu bebê, e o marido colocando a chupeta na boca da criança.

Eu parei.

Poderia não ter parado. Era uma cena normal. Pai. Mãe. Bebê.

Mas não era.

Aquilo era amor.

Os olhos da mãe brilhavam inundados de amor de mãe, e o pai estava cheio de carinho paterno. Não tinha como não sentir o amor emanando daqueles dois, pelo filho.

Amor.

Transtornada pela cena, voltei a caminhar em passos lentos, ainda lembrando da cena de amor que havia vivenciado, quando algo bateu em mim.

Olhei para o chão. Uma bola.

Várias crianças vieram para cima de mim, atrás de sua bola toda rasgada. Pegaram a bola e saíram correndo rindo, jogando naquele caminho pequeno de barro, descalços e sujos. Mesmo assim, eles pareciam as pessoas mais alegres que já tinha visto.

Alegria.

Não consegui andar.

Aquelas crianças corriam de alegria, como se um dia não fossem correr de tristeza, chutavam a bola como se fossem chutar a dor, e sorriam como se fossem as pessoas mais felizes de todo o mundo.

Continuei andando, agora acelerando o passo, conforme a batida do meu coração ia seguindo e tilintando.

Parei.

Ouvi um estalo

Olhei para o lado.

Dois jovens no bosque abraçados, encostados em uma árvore.

Ah, o clichê da paixão.

Quis virar e ir embora, mas não fui. Não pude.

O olhar apaixonado, como se a pessoa que ama fosse sempre sua eterna salvação, as mãos entrelaçadas, o calor humano, a vontade de sempre sentir aquela paixão.

Quis xingar.

Porque afinal me deparei com aqueles sentimentos?

Amor.

Alegria.

Paixão.

Se o que eu queria era a felicidade? O casal olhou para mim, e sorriu.

Aquela era a resposta.

Chave.

Caminho.

Porta secreta.

Chame como quis, mas finalmente entendi tudo.

Eu nunca vi que para ter a felicidade precisava estar completa.

Amor.

Alegria.

Paixão.

Mas o casal não me viu, eles viram e a sombra do que você procurava.

Sou seu desejo incessante de sorrir como se essa fosse a melhor alegria que teve.

Sou sua vontade imensa de se apaixonar ardentemente por algo.

Sou seu gosto pelo sentimento que começa devagar e depois toma conta da sua vida, pois é, assim é o amor.

Sou desejo, vontade, sentimento.

Sou você.